
A startup de genética animal Petgenoma reforça sua meta de atuar como um unicórnio do mercado pet. Seu fundador Eduardo Lemos deixou uma carreira consolidada em marketing e vendas em empresas como L’Oréal e Pearson, para empreender em um setor pouco explorado no Brasil.
Em 2023, ele fundou a startup com direito a um laboratório próprio na Universidade de São Paulo (USP). “O complexo permite identificar raças e predisposições genéticas de cães e gatos para mais de 250 doenças”, afirma.
A inspiração para o negócio partiu do crescimento das startups de testes genéticos humanos, como Genera e meuDNA, e do avanço de empresas internacionais como Embark e Wisdom Panel. “Somos a primeira startup da América Latina com um laboratório dedicado a pets, a primeira com base científica de cães e gatos com linhagens brasileiras e latinas”, explica.
A Petgenoma nasceu de um projeto inicialmente focado em humanos. A ideia era estudar predisposições genéticas relacionadas ao desenvolvimento cognitivo infantil, mas, após enfrentar barreiras emocionais e mercadológicas, a equipe focou o negócio para o mercado pet.
Em 2023, a startup foi selecionada em um edital público para ocupar um espaço no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), na USP, onde instalou seu laboratório próprio. “Bebemos de informações e da cultura da universidade. É uma troca gratificante. No futuro, pretendemos compartilhar dados com a universidade para fazer ciência”, destaca Eduardo.
Startup de genética animal avança com recursos próprios
Segundo a revista Grandes Empresas & Pequenos Negócios, a startup de genética animal teve investimentos iniciais de R$ 4,5 milhões, com recursos próprios que permitiram a construção de um ambiente com capacidade para processar 19,6 mil amostras por mês. A tecnologia utilizada foi customizada em parceria com a Illumina, referência global em biotecnologia.
Antes do lançamento oficial, a Petgenoma genotipou mais de 1,5 mil cães em canis de diversas regiões do país, garantindo uma base robusta e representativa para a plataforma.
Para Eduardo, os testes genéticos são comparáveis à revolução causada pelas vacinas. “Os testes genéticos são as vacinas do século 21. Se vacinamos por profilaxia para doenças infectocontagiosas, os testes serão adotados para doenças genéticas. Quando você conhece a predisposição do animal, você pode mudar a rotina alimentar, incluir exercícios e fazer um rastreamento periódico da doença”, diz.
Hoje, a Petgenoma oferece dois principais produtos, o teste de identificação de raça (R$ 590,00) que mapeia as raças presentes no pet e oferece uma análise comportamental com base nesses dados. É o que Eduardo chama de “a parte mais lúdica da genética”. Já o teste premium de saúde (R$ 690,00) inclui a análise de mais de 250 predisposições genéticas, abrangendo doenças cardíacas, renais, endócrinas, neurológicas e gastrointestinais, além de identificar como o pet metaboliza certos medicamentos.
Todo o processo é realizado internamente, o que garante rapidez na entrega, com resultado que pode sair em até 15 dias úteis e, segundo o CEO, 88% das análises feitas até agora foram entregues em 11 dias úteis.
A equipe atual conta com 17 colaboradores, integrando especialistas em biotecnologia, veterinária e bioinformática.
Expansão de portfólio e da operação
A Petgenoma já se prepara para lançar dois novos produtos. Com previsão de chegada para junho de 2025, o Premium Clinical custará R$ 890,00 e trará informações sobre obesidade e um painel oncológico. E o Teste Felino chegará em agosto, sendo capaz de identificar raças e análise de predisposição a mais de 80 doenças.
Desde o início das operações, em julho de 2024, a startup já atendeu mais de 3,5 mil cães. Nos últimos meses, 550 kits foram vendidos, e com os novos lançamentos, a expectativa é dobrar as vendas e alcançar R$ 1 milhão de faturamento mensal até dezembro de 2025. Atualmente, 60% das vendas são B2B, direcionadas a clínicas veterinárias e criadores. A meta é aumentar essa fatia para 70%, consolidando a Petgenoma como uma ferramenta essencial na rotina de profissionais do setor.
Embora a internacionalização estivesse nos planos apenas para 2027, o movimento foi antecipado. Um veterinário chileno entrou em contato espontaneamente com a startup pelo WhatsApp, interessado em comprar kits para suas clínicas em Santiago. Com isso, a Petgenoma iniciou a estruturação da operação no Chile por meio de um parceiro local.