*Márcia Queirós, especial para o Panorama PetVet
Alta tributação, preço elevado de fretes e barreiras sanitárias comprometem um avanço mais rápido das exportações de produtos pet. Esses são alguns dos desafios citados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para o incremento das vendas desses itens a outros países, que equivalem a menos de 0,92% do comércio exterior – que em 2024 chegaram a US$ 337 bilhões (R$ 1,9 trilhão).
Mas apesar dessa conjuntura, o ano passado foi o melhor da história do setor nesse quesito desde 2014. O montante exportado totalizou US$ 580,6 milhões (R$ 3,3 bi), segundo análise da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Rações e petiscos representaram 86% das exportações brasileiras, somando quase US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões). Em seguida, vêm os produtos de pet care, com US$ 67,6 milhões (R$ 383 milhões e 12%) exportados. Ingredientes, produtos veterinários e animais vivos representam 2%.
Exportações de produtos pet por categoria
(em bilhões de US$ e %)
O Brasil conta hoje com cerca de 300 empresas exportadoras, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os principais importadores dos produtos brasileiros são Uruguai, Emirados Árabes, Bolívia, Chile, Arábia Saudita e Filipinas.
No entanto, na visão de representantes do segmento, a expansão poderia ser maior. CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani chama atenção para o potencial da indústria nacional, que dispõe de avançada tecnologia para processamento e crescimento da produção.
“O potencial de demanda é mais que o dobro na indústria, mas esbarramos na pesada tributação, já que o produto carrega mais de 50% de tributos. A redução da carga de impostos poderia permitir novos entrantes à linha de consumo doméstico e imprimir maior competitividade na arena comercial internacional”, assegura. A Apex cita como caminhos a ampliação dos mercados por meio de acordos sanitários e comerciais e a redução dos custos logísticos.
Mas, mesmo com obstáculos, a Abinpet prevê que as exportações de produtos pet continuem em alta em 2025, atingindo US$ 650 milhões a US$ 700 milhões (R$ 3,7 bi a R$ 4 bi). Além do crescimento global do setor pet, a expansão das exportações deve-se, sobretudo, à valorização do dólar e qualidade dos produtos nacionais.
Indagado se o aumento das tarifas de importação imposto pelos Estados Unidos poderá afetar o setor pet nacional, Ariovaldo Zanin disse que as exportações brasileiras de produtos pet estão sendo taxadas com uma sobretaxa de 10%. Essa cobrança é feita por motivos de reciprocidade entre Brasil e EUA.
Os produtos podem estar sujeitos, ainda, a outras tarifas, como o imposto de importação. Porém, segundo ele, esses itens estão isentos do imposto de importação nos EUA. “Não há investigações ou medidas comerciais especiais, como antidumping ou salvaguardas”, diz.