
Fábio Grando, criador responsável pelo canil Reino dos Pom’s, especializado na raça Lulu da Pomerânia, localizado em Foz do Iguaçu (PR), postou em suas redes sociais um vídeo expondo que três filhotes morreram de intoxicação alimentar. Segundo o criador, a causa da contaminação teria sido a ração seca da marca Royal Canin.
Em vídeo publicado, o Grando, que é parceiro da marca, relatou que um dos filhotes apresentou vômitos intensos e morreu a caminho do veterinário, após broncoaspirar. Os outros dois animais também não resistiram aos sintomas, enquanto um sobreviveu após internação.
Diante das fatalidades, Grando decidiu realizar necropsias nos cães, que indicaram intoxicação alimentar. “Eu não acreditei porque aqui na criação temos muito cuidado com a alimentação dos cachorros e não oferecemos nada além da ração”, afirmou o CEO ao Petfood Forum Brasil. “Então eu fui checar os sacos de ração, foi quando encontrei farelos e massas brancas no meio dos grãos, indicando algum tipo de contaminação”, relatou. O criador conta que só percebeu as alterações após o adoecimento dos filhotes e que as massas estavam no fundo dos pacotes.
Apesar da parceria de mais de dois anos com a Royal Canin e de seguir todas as orientações de armazenamento, Grando revelou trocou de marca. “Minha escolha pela Royal é porque a marca conta com linhas que trazem benefícios para uma criação, com especificidades para filhotes, procriação e amamentação. Mas acabei trocando para uma marca que nunca tinha usado e estou com pacotes fechados da Royal aqui e sem coragem de dar (alimentar os cães)”, concluiu.
Royal Canin se posiciona diante acusação
Procurada pelo Panorama PetVet, a marca francesa de nutrição de pets afirmou estar ciente do caso, lamentou o corrido e informou que está dando prioridade às investigações.
“Desde o primeiro contato, o relato foi tratado como prioridade. Ainda que não tenha tido acesso ao produto reclamado e esteja aguardando informações mais completas solicitadas ao criador, a empresa conduziu as devidas investigações no lote do produto mencionado por ele, incluindo a rastreabilidade e a verificação de todas as etapas do processo produtivo, as quais mostraram que não houve desvios nas especificações e na segurança do alimento produzido”, diz a nota.
Além disso, testes laboratoriais conduzidos pela companhia, tanto em amostras de retenção quanto em produtos acabados do mesmo lote, atestaram que o produto cumpre com todas as normas de qualidade e segurança alimentar.
“A Royal Canin permanece à disposição e reforça que mantém vivo o seu compromisso com a qualidade do processo produtivo e a rigorosa seleção de ingredientes e fornecedores”, conclui em nota.
Como a indústria busca prevenir contaminações em rações?
O caso chama atenção para os processos industriais adotados na fabricação de rações extrusadas, como as da Royal Canin. Esse tipo de ração passa por um processo de cozimento sob alta pressão e temperatura, superior a 110ºC, etapa de eliminação de contaminantes microbiológicos, além de garantir maior digestibilidade e conservação do alimento.
Após a extrusão, o produto passa por um rigoroso controle de resfriamento, que monitora a umidade e a atividade de água, impedindo o desenvolvimento de bactérias e bolores no momento do empacotamento.
Segundo o Instituto de Embalagens, a integridade da embalagem é outro fator essencial para a segurança do pet food. “A função barreira é responsável por impedir a entrada de oxigênio, umidade, luz e agentes contaminantes, preservando as características sensoriais, nutricionais e funcionais do alimento durante todo o shelf-life”, destacou a instituição.
A Royal Canin reforça que utiliza embalagens com tecnologia de três camadas de proteção. “Todos os lotes de produto acabado passam por testes de resistência (drop test), que garantem que a embalagem seja resistente a adversidades logísticas e climáticas desde de que sejam seguidas todas as recomendações que constam no rótulo para conservação do produto”, informa a empresa.