
A Petlove entrou oficialmente com um recurso no Cade para tentar impedir a fusão entre Petz e Cobasi, aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do órgão no dia 3 de junho. Apesar da movimentação, especialistas apontam que as chances de reversão do negócio são consideradas praticamente nulas, a não ser por eventuais ajustes pontuais.
Um levantamento feito com base em decisões do conselho de 2021 a 2025 revela que 100% das decisões da superintendência foram mantidas quando contestadas por terceiros. Apenas quatro dos 15 processos resultaram em ajustes ou “remédios’ – como são chamados os acordos negociados para minimizar impactos concorrenciais – e nenhum deles chegou a impedir a concretização das fusões ou aquisições envolvidas.
Anunciada em agosto de 2024, a operação que une duas das maiores varejistas do setor pet no Brasil, foi defendida pelas empresas com o argumento de que seus principais concorrentes não são os pet shops de bairro, mas sim os grandes marketplaces digitais, como Mercado Livre, Shopee e Alibaba.
A Superintendência-Geral do Cade, ao aprovar a operação sem restrições, reforçou essa visão ao destacar a diversidade de modelos de negócios no setor pet. Segundo o órgão, a presença de marketplaces, supermercados, agrolojas e pequenos petshops garante pressão competitiva suficiente para impedir a formação de um poder de mercado dominante pela nova companhia, assegurando um ambiente concorrencial mesmo após a fusão.
No caso específico de Petz e Cobasi, a união cria uma empresa com faturamento bruto anual estimado em R$ 7 bilhões e 494 lojas em mais de 140 cidades. A economia projetada com sinergias operacionais chega a R$ 330 milhões. Pelo acordo, os acionistas da Petz ficarão com 52,6% da nova companhia, além de receberem R$ 400 milhões, dos quais R$ 130 milhões em dividendos. Já os sócios da Cobasi terão 47,4% da empresa combinada.
Quem assumirá o comando da companhia será o CEO da Cobasi, Paulo Nassar. Já o CEO da Petz, Sergio Zimmerman, passará a ocupar a presidência do conselho de administração.
Mesmo que a tentativa da Petlove não prospere, o julgamento do recurso pode adiar a efetivação da fusão, prevista inicialmente para ocorrer ainda no segundo semestre de 2025. Processo segue agora para análise colegiada.
Distribuidora pet reagiu contra fusão
As possíveis implicações da fusão entre Petz e Cobasi levaram a uma reação contundente da Associação Nacional dos Distribuidores Pet (Andipet), que representa mais de 60 empresas em todo o território nacional.
A entidade lançou um manifesto público sobre o tema e alertou para os potenciais riscos que a operação representa à livre concorrência, à diversidade empresarial e ao equilíbrio entre os agentes do mercado pet. Também entende que esse movimento pode gerar uma concentração de mercado prejudicial a distribuidores regionais, clínicas veterinárias e pet shops independentes, que hoje compõem a base do mercado.
“Nos preocupa o desequilíbrio que uma concentração desse porte pode causar. O setor pet brasileiro é sustentado por milhares de pequenas e médias empresas que geram empregos, distribuem produtos com capilaridade e garantem um atendimento próximo e personalizado. Essa fusão pode colocar tudo isso em risco”, afirma o presidente Diego Câmara.
Além da redução do poder de negociação dos distribuidores e lojistas, a associação destaca que a fusão pode criar espaço para práticas comerciais predatórias, impactando diretamente a sustentabilidade dos pequenos negócios e diminuindo as opções disponíveis para os tutores de pets.