A carga tributária no setor pet faz do Brasil o líder mundial nesse quesito, travando as excelentes perspectivas para inovação em produtos e serviços. Os impostos sobre atividades como a de nutrição animal chegam a 50% do valor final, equiparando-se aos impostos incidentes sobre bebidas alcoólicas e cigarros.
Segundo dados de 2023, o segmento movimentou R$ 68,7 bilhões no país, representando um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. Esse desempenho consolidou o país como o terceiro maior mercado pet do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
“No caso do pet food, por exemplo, a cada R$ 1 gasto pelos consumidores, R$ 0,50 são impostos”, diz José Edson Galvão de França, presidente-executivo da Abinpet e colunista no Panorama PetVet.
De acordo com projeções da Abinpet e do Instituto Pet Brasil (IPB), a divisão de pet food deve encerrar 2024 com R$ 42,6 bilhões de faturamento, o que representa 55,1% do volume de negócios da indústria. Em relação a 2023, o crescimento é de 11,8%.
Carga tributária no setor pet no Brasil e em outros países
A carga tributária do setor pet escancara um absoluto contraste com os grandes mercados internacionais. Nos Estados Unidos, líder em market share, os impostos sobre alimentos para animais não ultrapassam 7% do preço final. Na Europa a média é de 18%.
“Esses países, inclusive, não diferenciam a tributação entre alimentação humana e pet, o que corrige distorções e evita que os animais de estimação sejam nutridos com sobras de mesa. No Brasil a situação é diferente“, analisa.
A Abinpet e o Instituto Pet Brasil vêm encampando um trabalho de conscientização junto ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo sobre a importância de uma redução relevante da carga tributária para os artigos destinados aos animais de estimação.
Tributos em vários países do mundo
% sobre o preço final
Sindirações aponta impostos como entrave para pet food
Em dezembro, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) reforçou sua posição contrária aos impostos abusivos que incidem sobre o setor. Em entrevista exclusiva ao Panorama PetVet, o CEO Ariovaldo Zani aponta a carga tributária acima de 50% como maior entrave para um crescimento mais acelerado do segmento.
“Esse cenário prejudica a adição de novos entrantes no mercado e impede a democratização do consumo entre as camadas socioeconômicas mais fragilizadas”, finaliza.
