Ato reforça defesa do ensino presencial na veterinária
Movimento une entidades em resposta à regulamentação de cursos de graduação a distância


Na próxima semana, está marcada uma ação em defesa do ensino presencial nos cursos de graduação da área da saúde. A mobilização une entidades setoriais e representa uma reação ao Decreto nº 12.456/2025 e à Portaria nº 506/2025, que regulamentam a oferta de aulas a distância (EaD).
O Decreto e a Portaria do Ministério da Educação (MEC) definem percentuais mínimos para caracterizar cursos como presenciais, semipresenciais ou a distância. A obrigatoriedade do formato presencial contemplou somente as áreas de medicina, enfermagem, odontologia e psicologia. No caso da medicina veterinária, a graduação pode ser cursada de maneira semipresencial, com apenas 40% de presencialidade.
O ato está marcado para sexta-feira, dia 29 de agosto, e contará com um seminário técnico na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), às 9h30. O objetivo é discutir os impactos do EaD na formação em saúde e reforçar a necessidade de revisão das novas regulamentações.
Entre os participantes confirmados estão deputados federais, integrantes de conselhos profissionais de saúde, representantes do MEC, além da diretoria do CRMV-SP e conselheiros. Em seguida, haverá uma caminhada até o vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), com o lema Presencial é Essencial: em Defesa da Formação Presencial na Saúde.
“O ensino presencial é essencial e a base para uma atuação ética, técnica e responsável. Profissionais, estudantes e entidades de classe estão convidados a participar”, diz a vice-presidente do CRMV-SP, Carolina Saraiva Filippos de Toledo.
‘Veterinária exige desenvolvimento aprofundado’, diz especialista sobre ensino presencial
Presidente da Associação Nacional dos Médicos Veterinários (ANMV), Marcio Mota acredita que o ensino híbrido apresenta desafios e riscos que precisam ser considerados para garantir a formação de profissionais competentes e seguros. Segundo ele, a profissão exige um desenvolvimento aprofundado de habilidades práticas e de raciocínio clínico que são dificilmente replicáveis em um ambiente predominantemente à distância.
“A medicina veterinária é uma área intensamente prática. Procedimentos cirúrgicos, exames físicos, diagnósticos por imagem, manipulação de animais, coleta de amostras e interpretação laboratorial requerem uma vasta experiência prática supervisionada. O ensino semipresencial pode reduzir significativamente o tempo de contato do aluno com animais e com o ambiente clínico, limitando o desenvolvimento dessas habilidades cruciais”, avalia.
Ele explica ainda que desenvolvimento de um raciocínio clínico aguçado depende da exposição a uma variedade de casos reais, da observação de profissionais experientes em ação e da discussão de diagnósticos diferenciais em tempo real. “A interação presencial em hospitais e clínicas veterinárias é insubstituível para a formação dessa capacidade crítica de resolver problemas complexos.”
Por fim, ele argumenta que o ambiente online pode dificultar o desenvolvimento de competências interpessoais, como interação com tutores, colegas de trabalho e outros profissionais da saúde, e que nem todos os estudantes de adaptam bem ao formato semipresencial. “A falta de rotina e supervisão mais próxima pode levar a lacunas no aprendizado e à procrastinação”, finaliza.