Pesquisa revela que 72% dos veterinários são autônomos
Excesso de informalidade contrasta com aumento da demanda por especialização
O crescimento do mercado de trabalho para veterinários indica contrastes substanciais entre o excesso de informalidade e a demanda elevada por especialização.
De acordo com o Relatório Radar Vet 2025, elaborado pela Comissão de Animais de Companhia do Sindan (Comac), 72% dos profissionais atuam de forma autônoma. O percentual representa um salto expressivo em relação a 2021, quando apenas 26% trabalhavam com base nesse modelo.
Já os veterinários com vínculo empregatício, que eram 41% em 2021, agora representam apenas 14%. O levantamento foi realizado em agosto e contou com 805 entrevistas presenciais e telefônicas.
Atuação do veterinário nas empresas

Veterinários convivem com pouca regulamentação
Apesar do crescimento expressivo do trabalho independente, a formalização ainda não acompanha esse movimento. Entre os profissionais que atuam como autônomos, 71% não dispõem de contrato de prestação de serviços, enquanto apenas 29% trabalham com algum tipo de acordo formal estabelecido, o que evidencia uma expansão acelerada, porém ainda pouco regulamentada.
Essa realidade mostra que o novo perfil de atuação trouxe mais autonomia, mas também coloca desafios relacionados à segurança profissional e à organização das relações de trabalho.
Perfil do profissional em atuação
O estudo apresenta também um retrato atualizado do veterinário brasileiro. A média de idade dos profissionais é de 35 anos, com rendimento mensal equivalente a quatro salários mínimos (R$ 6.072) e cerca de 33 atendimentos clínicos realizados por mês. Já os estabelecimentos onde atuam têm, em média, dez anos de funcionamento, contam com equipe de sete veterinários e apresentam faturamento mensal aproximado de R$ 75 mil.
Especialização cresce entre veterinários
A busca por qualificação também se destaca no mercado de trabalho veterinário. Atualmente, 66% dos veterinários têm ou estão cursando pós-graduação, com maior concentração em áreas como clínica e diagnóstico (46%), especialidades médicas (44%), cirurgia e procedimentos (32%) e terapias alternativas (12%). Outras áreas de formação incluem cirurgia médica e cirurgia de outros animais (5%), gestão, administração e marketing (5%) e ciências básicas e legais (4%).
A especialização aparece com maior força entre profissionais com até 39 anos e está presente, sobretudo, entre autônomos sem contrato formal, que representam 48% dos que se especializam. Isso reforça que, mesmo diante de um mercado mais independente, a atualização técnica segue como base para expansão e diferenciação profissional.
“A qualificação diferenciada tornou-se essencial. Os profissionais estão buscando especializações em áreas como dermatologia, anestesiologia, oftalmologia, nutrição e acupuntura para atender às novas demandas dos tutores”, declara Gabriela Mura, diretora de mercado e assuntos regulatórios do Sindan.
Diferença de renda entre os modelos de trabalho
As remunerações também variam de acordo com o tipo de vínculo. Profissionais autônomos recebem, em média, 3,9 salários mínimos (R$ 5.920), enquanto os veterinários com vínculo empregatício chegam a 4,7 salários mínimos (R$ 7.135).
Já os proprietários de clínicas e hospitais veterinários alcançam rendimento médio de 5,8 salários mínimos (aproximadamente R$ 8.804). Mesmo com ganhos menores, o trabalho autônomo se tornou a realidade predominante no setor, ditando o novo perfil da profissão.
Média salarial dos profissionais da veterinária
(salários mínimos)

O que mais gera receita no setor
O estudo mostra ainda que o atendimento clínico se mantém como a principal fonte de faturamento, citado por 69% dos veterinários. A aplicação de vacinas figura em segundo lugar, com 54%, seguida pelas cirurgias especializadas, que equivalem a 40% da receita.
Outras frentes de faturamento incluem atendimentos emergenciais e exames diagnósticos (ambos com 28%), consultas especializadas (22%), internação (19%), venda de produtos (13%) e serviços de banho e tosa (11%).
O relatório também aponta que os profissionais mais jovens, especialmente os com até 29 anos, estão mais presentes nas áreas que exigem maior especialização, como cirurgias, exames diagnósticos e internações.