
A Polícia Civil indiciou nesta quarta-feira (12) por crime ambiental duas redes de pet shops. Os animais que estavam à venda foram mortos após as lojas ficarem inundadas durante as enchentes que atingiram Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Além das empresas, funcionários também foram responsabilizados pelas mortes de animais.
Os crimes aconteceram em três lojas, duas da Cobasi, na Avenida Assis Brasil e no Shopping Praia de Belas, e uma da Bicharada, localizada na Avenida Júlio de Castilhos.
Nos inquéritos, os crimes são descritos como “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, com pena aumentada porque os animais morreram.
A polícia identificou 175 animais mortos, sendo roedores, peixes e aves.
Considerações sobre a mortes de animais
A delegada Samieh Saleh, responsável pela investigação, afirmou que a Cobasi, mesmo com faturamento bilionário anual, não realizou qualquer atitude para retirar os animais antes da enchente, ou ainda, para resgatá-los quando a água já acessava as lojas.
“Foi necessário que terceiros, resgatistas, tomassem conhecimento dos fatos para que alguma ação fosse tomada”, disse.
Segundo o portal UOL, as autoridades disseram que a gerente regional da Cobasi impediu que funcionários salvassem animais antes da água invadir a loja.
“Temos vídeos da gerente saindo do shopping às 20h. Ela olha para o estacionamento e vê a água subindo, mas fecha a loja”, afirmou a delegada Samieh Saleh.
Casos investigados pela polícia
Avenida Assis Brasil
Nessa loja da Cobasi, segundo o portal G1, o crime aconteceu no dia 11 de maio. Após uma denúncia, os voluntários entraram na loja e resgataram alguns animais que foram transferidos para outra unidade, mas parte deles morreram após vários dias isolados.
De acordo com a delegada Samieh, as funcionárias indiciadas relataram à polícia que foi deixado comida e água em maior quantidade para os bichos, pois acreditavam que as chuvas parariam logo.
Shopping Praia de Belas
De acordo com nota divulgada pela Cobasi, no dia 17 de maio, essa unidade localizada no subsolo do shopping “teve de ser deixada de forma emergencial, seguindo as orientações das autoridades locais” devido a força das cheias e dos temporais que estão acontecendo no Rio Grande do Sul.
Ainda no comunicado, a empresa alegou que uniu forças para que os animais ficassem numa altura segura para que pudessem ser resgatados no retorno dos funcionários, mas “a tragédia foi sem precedentes” e houve “a perda das vidas dos animais que estavam no local”.
No dia 23 de maio, após diminuir o nível da água, a Polícia Civil conduziu uma vistoria na loja do shopping e retiraram 38 animais mortos. Essa investigação também identificou que os equipamentos de informática foram levados a uma área que não alagou, para que não estragassem.
“Eles foram retirados como precaução e levados ao mezanino, tendo ficado intactos. Esses materiais, CPUs, ficaram intactos no andar de cima. O que denota que a loja teve uma preocupação em subir esses objetos”, afirmou a delegada Samieh Saleh na ocasião.
Avenida Júlio de Castilhos
No dia 15 de maio, uma ONG identificou que a loja Bicharada mantinha animais no local desde o começo das enchentes. Cerca de 65 animais foram resgatados, mas quatro já estavam mortos e outros morreram após o resgate.
Os responsáveis argumentaram à polícia que foram retirados os cachorros e gatos após o início do alagamento e os demais animais continuaram no estabelecimento, mas com alimento e água disponível. A empresa não divulgou nota oficial.
Processo judicial
No dia 31 de maio, a Defensoria Pública do Estado (DPE) do Rio Grande do Sul entrou com uma indenização na Justiça de R$ 50 milhões.
O órgão também defendeu que as lojas fossem proibidas de vender animais e solicitou mudanças na maneira de alocar as gaiolas fixas.