O cargo de criador de pets vem convivendo com um período de estagnação no mercado de trabalho. Entre fevereiro de 2024 e janeiro deste ano, as contratações e demissões formais na área, com carteira assinada e jornada integral, mantiveram-se praticamente inalteradas.
O levantamento foi resultado de uma análise do portal Salário, a partir de dados do Novo Caged relativos a 216 profissionais admitidos e desligados nesse intervalo de tempo. Os segmentos que mais demandam esses profissionais incluem o comércio varejista de animais vivos, artigos e alimentos para pets, os próprios criadouros, clínicas veterinárias, além de entidades e ONGs.
Apesar da estagnação, especialistas acreditam no potencial de crescimento da atividade nos próximos anos. É o que indica Ruisdael W. de C. Maia, sócio-fundador e diretor executivo da UKCB, especializada na emissão de pedigrees, organização de exposições de cães de raça e capacitação de profissionais como handlers, juízes e adestradores.
“A criação de animais, especialmente de cães de raça pura, é o motor do mercado pet. Quando há dificuldades financeiras, estruturais ou políticas para os criadores, isso impacta diretamente na reprodução desses cães”, afirma. Ele ainda observa que, durante a pandemia, as famílias passaram a ter pets para driblar sentimentos como a solidão, o que resultou em um aumento significativo na venda de filhotes.
“Nessa época houve uma escassez de filhotes, o que inflacionou a venda. Isso gerou um movimento atípico no mercado, que agora está passando por uma correção de rota. Estamos saindo do fundo dessa curva e começando a ver um início de recuperação”, analisa. Em paralelo, os criadores aumentaram seus rebanhos no período, o que também levou ao surgimento de muitos criadores iniciantes.
Quanto ganha um criador de pets
Atualmente, a média salarial de um criador de pets é de R$ 1.615,21 para uma jornada de trabalho de 44 horas semanais. O piso é de R$ 1.571,10, enquanto o teto chega a R$ 2.225,72. Esses valores variam conforme o segmento da empresa, a localização, a formação e a experiência do profissional, além da política salarial da contratante.
O perfil predominante entre os profissionais contratados é o de mulheres de 18 anos, com ensino médio completo. São Paulo lidera o número de contratações na área. Vale destacar que esses valores se referem apenas ao salário-base, sem considerar bônus, comissões, horas extras ou adicionais noturnos.
Funções de um criador de pets
De acordo com a plataforma, o criador de animais domésticos é responsável pela reprodução e comercialização de animais domésticos. Entre suas funções estão a seleção das espécies a serem criadas, a estimativa de custos e a orientação das atividades relacionadas ao manejo dos animais, sempre observando seu temperamento, comportamento e condição física.
Além disso, o criador realiza atividades físicas com os animais, identifica os pets por meio de tags, coleiras e chips, e cuida especialmente das fêmeas, recém-nascidos e filhotes. “Criadores mais profissionais investem em vacinas de alta qualidade e ração super premium para garantir o bem-estar dos pets”, acrescenta.
No entanto, Maia ressalta que existem “fundos de quintal”, ou seja, criadores oportunistas, que operam de forma irresponsável, colocando os animais em condições precárias. “Esses criadores não permanecem no mercado por muito tempo e, quando surgem, prejudicam a imagem dos profissionais sérios. Precisamos de mais mecanismos legais e de fiscalização para combater essa prática”, conclui.