Mercado de pet food na Argentina resiste em meio à crise
País observa mudança nos hábitos de consumo e soluções nutricionais mais acessíveis
Um recente estudo sobre o mercado de pet food na Argentina revela como o setor sustentou o volume de negócios em bons níveis, apesar de uma inflação altíssima de quase 300%, queda de renda das famílias e retração no consumo.
Segundo informações do Pet Food Industry, mesmo com o impacto severo da crise econômica, que trouxe perdas reais de poder de compra e orçamentos domésticos apertados, os donos de pets argentinos não cortaram as compras de ração e alimentação, mas ajustaram seus hábitos de consumo. Os tutores passaram a optar por embalagens menores, busca por marcas mais acessíveis e maior controle nas compras, mas sem abrir mão do essencial.
Argentina tem fabricantes com operação local
Outra explicação para essa resiliência está na estrutura fabril do país. A Argentina conta com uma indústria de pet food relativamente diversificada e tecnicamente capacitada – cinco das 50 maiores fabricantes da região têm operação local, o que garante produção nacional estável mesmo quando as exportações têm algum recuo. As empresas são Agro Industrias Baires, Pet Foods Saladillo, Grupo Pilar, Metrive e Grupo Molino Chacabuco
Mercado de pet food pode avançar rumo ao premium
O mercado argentino de pet food demonstrou uma elasticidade adaptativa em que varejistas e consumidores ajustaram volumes, marcas e embalagens para lidar com a alta de preços e incertezas. Essas novas medidas inflaram os volumes no curto prazo, mas ajudaram a proteger a continuidade do negócio no longo prazo.
O estudo também indica que o futuro do mercado tende a ser guiado por tendências de “premiumização”, com aumento da demanda por alimentos de maior qualidade, inovação em rações úmidas e petiscos, além de valorização de matérias-primas locais.
Especialista deixa alerta para o Brasil
Ricardo de Oliveira, empresário com atuação na América do Sul e CEO da consultoria Fórmula Pet Shop, enxerga o cenário da Argentina como um alerta para o Brasil.
“O mercado ainda cresce, mas o consumo deixou de ser impulsivo. O tutor está mais informado, seletivo e racional. Vender ração hoje exige argumento, clareza de proposta e posicionamento. Muitos empresários chamam de crise aquilo que, na prática, é falha de gestão, portfólio mal ajustado e dificuldade em sustentar valor”, acredita.
O especialista acredita que o movimento é convergente na América Latina, onde crises aceleram a racionalização do gasto e aprofundam a humanização dos pets ao mesmo tempo. O alimento deixa de ser compra ocasional e passa a ser despesa fixa do lar. “Nesse contexto, promoção é tática, não estratégia. Vence quem entende comportamento, mix e confiança”, conclui.