A cannabis na medicina veterinária ganha relevância nos debates sobre o uso da planta no país. Não à toa, a 3ª edição do Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal dedicará o primeiro dia do evento ao aprofundamento desse tema, incluindo desdobramentos jurídicos, casos clínicos e o uso terapêutico em animais.
O evento ocorrerá nos dias 23, 24 e 25 de maio, das 9 às 20h, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP). O Panorama PetVet será uma das mídias oficiais do congresso e fará a curadoria de um painel na data de abertura, com a participação de Margarete Akemi Kishi. Farmacêutica e pesquisadora da área, ela integra a comissão de trabalho regulamentar de medicamentos à base de canabidiol na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Veterinários brasileiros vêm lutando há anos para regulamentar a cannabis na saúde animal, mas esbarram na burocracia e na resistência do poder público.
Por aqui, cabe à Anvisa regulamentar os produtos à base de cannabis em pacientes humanos, enquanto o aval para uso veterinário compete ao Ministério da Agricultura.
“Acontece que, até hoje, a pasta não se manifestou de uma forma clara sobre o uso. O veterinário não sabe para onde recorrer, não tem uma liturgia clara como têm os outros profissionais da área da saúde”, diz Pedro Pierro, neurocirurgião funcional pioneiro na prescrição de cannabis e diretor científico da Sechat, responsável pela organização do congresso.
Cannabis na medicina veterinária carece de regulamentação própria
A Portaria nº 344/1998, do Ministério da Saúde, já garante que médicos veterinários prescrevam substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, incluindo entorpecentes, imunossupressores e psicotrópicos.
Porém, sem uma regulamentação específica, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) recomenda que o profissional delimite de forma objetiva o diagnóstico e obtenha uma autorização judicial para viabilizar a prescrição.
Ainda assim, a cannabis na veterinária já é utilizada no Brasil. “Com a humanização muito bem-vinda dos pets, os próprios tutores demanda essa terapia para o veterinário”, declara.
“O médico veterinário está cada vez mais atualizado”
Questionado sobre como a incorporação da cannabis na medicina veterinária está sendo recebida pela categoria, Pierro afirma que não há resistência. “Eu vejo cada vez mais os médicos veterinários estudando sobre o assunto e se atualizando. E esse cenário nos motivou a planejar uma programação voltada a essa temática”, ressalta.
“Esses profissionais querem acesso a conteúdo de qualidade, técnico e científico, além de discutir suas dúvidas com outros profissionais e conferir casos clínicos reais, com os quais podem se deparar no seu dia a dia”, acrescenta.
Cannabis na medicina veterinária é mercado de R$ 1,45 bilhão
Segundo estimativas da Kaya Mind, a cannabis na medicina veterinária poderia movimentar R$ 1,45 bilhão no Brasil, com potencial para ser utilizada por 555.252 pets ao longo de quatro anos após a regulamentação. E deste total, R$ 190,5 milhões seriam destinados a impostos.
Esse montante poderia custear, mensalmente, seis hospitais veterinários públicos com média de 4.500 atendimentos. Também possibilitaria erguer e aparelhar mais de 30 clínicas veterinárias.
3º CONGRESSO BRASILEIRO DE CANNABIS MEDICINAL Data: 23 a 25 de maio Local: Expo Center Norte (São Paulo-SP) – Rua José Bernardo Pinto, 333. Vila Guilherme Inscrições: congressocannabis.com.br |