EUA tem falta de veterinários e cenário pode respingar no Brasil

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FALTA DE VETERINÁRIOS
Foto: Freepik

A combinação de baixos salários, estresse e cyberbullying vem contribuindo para a falta de veterinários nos Estados Unidos. O “apagão” de profissionais acontece em meio a um dos períodos de maior crescimento no mercado pet global e serve de alerta para países emergentes no setor, como o Brasil.

Especialistas afirmam inclusive que a escassez de veterinários no mercado de trabalho já vem sendo observada há mais de quatro décadas, mas a situação ficou mais flagrante à medida que aumentaram o número de tutores e a demanda por atendimento especializado.

Mas o que explica esse fenômeno? Afinal, de acordo com pesquisa divulgada neste ano pela Associação Americana de Produtos para Animais de Estimação (APPA, na sigla em inglês), 66% das famílias norte-americanas cuidam de pelo menos um animal de estimação. Além disso, 97% dos donos entendem que seus pets são membros da família.

Falta de veterinários pode colocar saúde pública em perigo

Reportagem do The Guardian veiculada em fevereiro revela que a escassez da profissão é mais observada em áreas afastadas. Isso se explica pelo fato de os recém-formados optarem por trabalhar em grandes cidades para obter salários mais altos. Essa tendência dificulta o acesso de cuidados veterinários em diversas outras partes do país, além de colocar a saúde pública em risco, já que esses profissionais são essenciais no combate às zoonoses.

Baixas remunerações e a desvalorização da profissão nos EUA

O salário relativamente baixo nos Estados Unidos em comparação com carreiras como medicina humana e odontologia, que exigem um nível de formação semelhante, também é um ponto determinante para a categoria. Além dos veterinários, as equipes de apoio, que incluem técnicos e assistentes, recebem salários ainda mais baixos e sofrem, muitas vezes, com maior sobrecarga.

Ainda de acordo com o jornal britânico, muitos veterinários norte-americanos saem da faculdade com enormes dívidas estudantis, em torno de US$ 400 mil, o equivalente a mais de R$ 2 milhões. A conta não fecha porque, no início da carreira, esses profissionais podem receber, no máximo, entre US$ 85 mil (R$ 465 mil) e US$ 105 mil (R$ 573 mil) por ano.

Veterinários sofrem com saúde mental e propensão a suicídio

Segundo dados da Forbes, os cachorros são os pets mais populares nos Estados Unidos, presentes em mais de 65 milhões de lares, seguidos pelos gatos, que estão em mais de 46 milhões de residências. Porém, apenas 5,5 milhões de animais de estimação contam com seguro saúde.

Essa discrepância colabora para a insatisfação dos tutores com os altos preços aplicados nas consultas veterinárias, ampliando a pressão sobre os profissionais e levando inclusive a casos de cyberbullying – quando ocorrem intimidações, difamações e perseguições no ambiente virtual.

Nesse contexto, as taxas de suicídio entre veterinários têm viés de alta. Estudo de 2018 realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos descobriu que veterinárias têm 3,5 vezes mais probabilidade de morrer por suicídio em comparação com a população geral, enquanto veterinários do sexo masculino têm 2,1 vezes mais probabilidade.

Realidade similar do Brasil inspira cuidados

O Brasil testemunha uma realidade similar no mercado veterinário, a começar pela discrepância entre os salários nas diferentes regiões do país. Quem atua no Sudeste e no Sul tem remunerações de R$ 4.543 e R$ 4.437, respectivamente. O panorama é bem diferente no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, conforme indica o gráfico a seguir.

Salário dos veterinários por região no Brasil (em R$)

FALTA DE VETERINÁRIOS
Fontes: Salário.com.br, Caged, eSocial e Empregador Web

A saúde mental também se revela fragilizada. Em 2023, uma pesquisa mostrou que 84% dos veterinários revelaram conviver com casos de ansiedade, depressão e irritação. O estudo foi conduzido pela Kynetec, consultoria especializada em pesquisas de mercado, a pedido da farmacêutica MSD Saúde Animal.

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