A maior fusão no mercado pet brasileiro, anunciada por Petz e Cobasi no fim de abril, segue emperrada devido a fatores burocráticos. O acordo resultaria na criação de um grupo com faturamento bruto de R$ 6,9 bilhões e 15% de market share.
Inicialmente, as redes de varejo pet estabeleceram um período de exclusividade de 60 dias, que podia ser estendido por mais 30, para negociar os termos fechados no memorando de entendimentos (MOU). Na semana passada, porém, a Petz informou que o prazo das negociações exclusivas pode se estender até 23 de agosto, com uma possível prorrogação de mais um mês.
Aos investidores, a empresa garantiu que não se trata de uma postergação, mas sim do que já estava previsto no contrato firmado com a Cobasi. Uma fonte revelou à Exame que a obtenção de todos os documentos de ambas as companhias levou mais de 60 dias. A expectativa era de que essa etapa fosse concluída em até um mês. O atraso chamou a atenção, dado que a fusão vinha sendo discutida há bastante tempo.
“O que nos parece é que houve uma certa pressa, especialmente da Petz, para anunciar o MOU ao mercado, num momento em que o preço estava muito pressionado e o Sérgio Zimmerman, fundador, tinha aumentado bem a posição”, afirmou um gestor que acompanha de perto a empresa.
Apesar da demora, ainda de acordo com a publicação, os envolvidos na transação acreditam que a fusão deve ser concluída antes de setembro.
Fusão no mercado pet e seus possíveis impactos para PMEs
Para especialistas, a fusão no mercado pet poderia tirar espaço de pequenos e médios pet shops. O cenário repetiria o movimento trilhado em outro setor – o varejo farmacêutico, no qual as duas operações que culminaram na formação da Raia Drogasil e do Grupo DPSP ampliaram o fosso entre as grandes redes e as lojas independentes.
Primeira colocada do setor, a Petz abriu capital em 2020 e captou em torno de R$ 3 bilhões à época. No ano seguinte, levantou quase R$ 800 milhões em uma oferta subsequente de ações, aplicando os recursos na expansão de lojas.
O foco da Petz é avançar no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde a receita já é superior à do estado de São Paulo. O mercado paulista, que há três anos respondia por 65% das vendas do grupo, hoje representa 54%.
A Cobasi, por sua vez, deixou de lado a possibilidade de abrir capital para buscar aportes privados. Com os R$ 300 milhões que recebeu do Kinea, a rede acelerou seu processo de expansão geográfica por meio de operações como a compra da Mundo Pet, do Ceará. A companhia passou a controlar 14 lojas no Nordeste e dobrou de tamanho na região.