A fusão de Petz e Cobasi deve sair do papel ainda neste primeiro trimestre, e sem restrições. É o que indica o colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim. A previsão era que a operação ocorresse somente em novembro deste ano.
As duas maiores redes de pet shop do Brasil esperam o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e, até lá, devem continuar operando separadamente sob pena de autuação severa do conselho.
O órgão vem avaliando riscos para o ambiente concorrencial no setor, mas as empresas tentaram driblar esse argumento. Segundo elas, seus maiores rivais não são outras redes físicas, e sim marketplaces como Alibaba, Mercado Livre e Shopee. “Mas na prática, as maiores concorrentes dessas megastores são as lojas de bairro próximas, que estão talvez mais acessíveis na vizinhança”, analisa Regina Blessa, consultora e especialista em varejo.
As empresas anunciaram o acordo em agosto de 2024. Acionistas da Petz terão uma participação maior na companhia combinada, com 52,6% das ações, enquanto os da Cobasi ficarão com 47,4%. O fundador e CEO da Petz, Sérgio Zimerman, foi confirmado como presidente do conselho. Já Paulo Nassar, CEO da Cobasi, assumirá o cargo de CEO da nova empresa.
Fusão de Petz e Cobasi cria grupo de 494 lojas
Com a fusão de Petz e Cobasi, será criado um grupo com receita bruta anual de R$ 6,9 bilhões, 494 lojas em mais de 140 cidades do país, 15 hospitais veterinários e mais de 20 marcas próprias de produtos para pets. Juntas, as empresas detêm 11% de participação no total do mercado pet brasileiro.
Fusões e aquisições no mercado pet sextuplicaram em cinco anos
As fusões e aquisições no mercado pet aumentaram quase seis vezes em um período de quatro anos. Entre 2017 e 2019 ocorreram apenas sete transações. Já de 2020 a 2024, o número saltou para mais de 40. A análise é de Ricardo Bahiana, sócio da B2R Capital. A consultoria atende fundos e empresas que já compraram ativos de grupos como a Petz, que abriu capital em 2020.
Números do mercado vão ao encontro das expectativas da consultoria. Além de o Brasil já ser um dos três maiores mercados do mundo, o país tem um setor muito caracterizado pela fragmentação – já que 95% dos pontos de venda são controlados por pequenos e médios pet shops.
Na percepção de Bahiana, o setor também deve sofrer mudanças no modelo de negócio. “As megastores devem abrir espaço para lojas menores. Elas não vão deixar de existir, mas têm uma série de limitações: nem todo bairro comporta uma loja do tipo e o próprio mercado tem questionado esse tipo de loja”, acredita. A aquisição de pequenos pet shops por parte das grandes redes torna-se, dessa forma, um movimento natural.