
O atendimento clínico representa o maior gerador de faturamento para 69% dos médicos veterinários. É o que aponta a pesquisa Radar Vet 2025, realizada pela Comissão de Animais de Companhia do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Comac/Sindan), em parceria com a consultoria H2R.
O levantamento ouviu 805 profissionais de todas as regiões do Brasil. A média de idade dos entrevistados é de 35 anos, e a rotina inclui aproximadamente 33 atendimentos semanais.
Logo após o atendimento clínico, os serviços que mais geram receita são a aplicação de vacinas (54%) e cirurgias especializadas (40%). A pergunta feita aos participantes foi: “Quais são o primeiro, segundo e terceiro serviços que mais contribuem para seu faturamento?”
Principais itens do faturamento

Além do atendimento clínico, especialização também está em alta
O Radar Vet 2025 revela ainda uma forte migração para o trabalho autônomo. Atualmente, 72% dos veterinários atuam por conta própria, sendo 71% sem contrato formal de prestação de serviços e 29% com contrato. Em 2021, apenas 26% se declaravam autônomos.
A formalização do trabalho apresentou retração. Hoje, apenas 14% dos profissionais trabalham sob regime CLT, enquanto em 2021 esse grupo representava 41%. Já entre os donos de clínicas ou estabelecimentos, houve uma queda de 33% para 14% no mesmo período.
Apesar da informalidade crescente, a busca por qualificação está em alta. Segundo o estudo, 66% dos profissionais possuem ou estão cursando uma especialização ou pós-graduação. Essa tendência é mais evidente entre os veterinários até 39 anos e os autônomos sem contrato, que representam 48% dos que buscam capacitação. Entre os autônomos com contrato, 21% estão em processo de especialização.
Veterinários com especialização concluída ou em curso
(por região)

Para Gabriela Mura, diretora de Mercado e Assuntos Regulatórios do Sindan, os dados revelam um movimento importante de valorização do conhecimento no setor. “É muito positivo ver que o país já conta com uma ampla distribuição de profissionais qualificados, especialmente em regiões que historicamente recebem menos investimentos em formação continuada. Mas é preciso avançar no Nordeste, onde há espaço para o setor educacional crescer e contribuir ainda mais com a evolução da medicina veterinária”, reflete.
Ela reforça que a formação continuada é um diferencial competitivo claro para a categoria. “Profissionais que investem na própria capacitação ampliam suas oportunidades de carreira e elevam o padrão de atendimento aos tutores e aos animais. Por isso, é fundamental que a indústria, o setor educacional e os próprios veterinários se unam para fortalecer esse ciclo virtuoso”, diz.
A pesquisa também aponta uma diferença no perfil dos profissionais conforme o foco de atuação. Médicos veterinários que trabalham predominantemente com felinos têm menor taxa de especialização, tanto que 58% cursam atualmente ou já realizaram pós-graduação. Já entre os que atuam com caninos, o índice é de 66%.
Diferenças salariais entre perfis profissionais
A média salarial mensal varia conforme o tipo de vínculo e perfil profissional. Autônomos ganham, em média, 3,9 salários mínimos. Profissionais com vínculo empregatício recebem, em média, 4,7 salários mínimos, e donos de clínicas ou hospitais, 5,8 salários mínimos.
Por fim, a pesquisa analisou o tempo de atividade dos estabelecimentos onde atuam os veterinários. Em 2021, a maioria (23%) trabalhava em empresas com mais de 20 anos no mercado. Em 2024, esse cenário mudou: 65% atuam em clínicas com até 10 anos de existência, refletindo uma renovação no setor e possível expansão de novos empreendimentos.