
A Associação Brasileira de Hospitais Veterinários (ABHV) vai lançar a primeira plataforma de empregos para veterinários do país, com foco de animais de companhia. Por meio dessa ferramenta, as instituições associadas à entidade poderão ter acesso a um banco nacional de vagas. O sistema está em fase de testes em dez hospitais e será seguido da criação do projeto Meu Primeiro Emprego, oportunidade para quem está ingressando no mercado de trabalho.
O recrutamento será feito entre profissionais de diversas áreas, que vão atuar em hospitais, clínicas e centro de diagnósticos veterinários. Os candidatos poderão colocar seus currículos e serão ranqueados de acordo com suas competências. “O mais importante é que haverá uma ferramenta de geolocalização e eles poderão indicar em que estado ou cidade preferem atuar”, destaca João Abel Buck, presidente da entidade.
O sistema será anunciado durante a PetVet Expo, que acontecerá em agosto no Distrito Anhembi. Na ocasião, também será empossada a primeira diretoria da recém-criada Confederação Mundial de Hospitais Veterinários, da qual Buck vai assumir a presidência. Além do Brasil, Estados Unidos, Canadá, México, Japão, Cingapura e Coreia do Sul são alguns dos países que integram a aliança.
Banco de empregos para veterinários integra projeto de apoio a empreendedores
O banco de empregos para veterinários será mais uma funcionalidade agregada ao Programa de Apoio ao Veterinário Empreendedor (PAVE), pelo qual empresas de diversas atividades podem prestar serviços aos hospitais afiliados à ABHV com condições especiais.
Um comitê dentro da associação faz a validação da fornecedora contratada, com base em critérios que focam a geração de valor e benefícios ao contratante.
Atualmente, 32 empresas são parceiras do PAVE em especialidades diversas – assessoria jurídica empresarial, consultoria financeira com foco no mercado veterinário, seguros, marketing, consultoria em atendimento de urgência, acolhimento para situação de crise em casos veterinários, treinamento de pessoal, suporte psicológico a gestores e funcionários, telessuporte para internação intensivista, advocacia exclusiva para profissionais de saúde, entre outros.
Buck assinala que as vantagens podem variar de gratuidade na primeira consulta e diagnóstico a descontos em consultas de acompanhamento. “É uma ferramenta transparente que facilita o acesso dos hospitais a novos parceiros, com preços diferenciados em relação ao mercado”, reitera.
Adaptação às mudanças do mercado e profissionalização do negócio
Criada há sete anos e ainda na “pré-adolescência”, segundo Buck, a ABHV nasceu com propósito de suprir a carência de conhecimento empreendedor entre os médicos veterinários, gestores em sua maioria. “Tentamos democratizar e oferecer recursos para que médicos enfrentassem as mudanças que o mercado que já vinha sinalizando há muito tempo”, afirma.
Uma pesquisa envolvendo os 70 primeiros afiliados apontou que uma das maiores dificuldades residia na busca por assessoria jurídica nos campos tributário, trabalhista e cível. A promoção de cursos de gestão, fóruns de discussão, palestras e treinamentos sobre esse e outros temas foi o ‘’gatilho’’ para a implantação do PAVE.
ABHV pleiteia secretaria ministerial para setor hospitalar de pequenos animais
Em outra frente, a ABHV está colhendo frutos de seu trabalho. Em março, deverá ser marcada uma reunião em Brasília com representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Meio Ambiente. O objetivo é discutir a criação de uma secretaria para representar o setor hospitalar de pequenos animais, no qual a entidade terá assento.
Em parceria com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), um dos objetivos é agilizar a aquisição de substâncias como, por exemplo, contraste para exames de tomografia. “Estamos vivendo uma crise de abastecimento do produto”, diz Buck, esclarecendo que é o mesmo insumo usado na medicina humana, mas que não pode ser adquirido por hospitais veterinários pela inexistência de uma norma que permita a venda.
A proposição está sendo conduzida pelo escritório da ABHV, na capital federal, aberto em 2024. No âmbito do Congresso a luta é pela defesa das demandas do setor. Segundo Buck, há nada menos do que 450 projetos de emendas parlamentares tramitando. “São propostas que vão influenciar direta ou indiretamente nossa atividade. Não houve sequer a preocupação de ouvir profissionais, órgãos, entidades ou associações do segmento veterinário”, anuncia.
Meta é chegar a 600 hospitais associados
Hoje a ABHV reúne mais de 500 hospitais associados em todo o país, com representações em todas as regiões. São quase 20 mil médicos veterinários sob esse guarda-chuva. Buck calcula que se essas instituições fossem uma empresa o faturamento chegaria a R$ 1,2 bilhão. “Somos uma massa relevante em relação às cerca de 42 mil unidades de saúde existentes no país. Mas poderíamos crescer mais’’.
A projeção de Buck para este ano é chegar a 600 associados. Ele assinala que o entrave para a elevação do número reside no fato de que cerca de 60% dessas 42 mil instituições são de pequeno porte, com o máximo de duas pessoas, que ‘’remam sozinhas e dificilmente conseguiriam se agrupar e se encaixarem dentro de uma associação’’, lamenta.