Obesidade atinge 60% dos cães e gatos, aponta pesquisa
Estudo alerta para o impacto do estilo de vida dos tutores na saúde dos pets e reforça a necessidade de prevenção e manejo nutricional
por Juliana de Caprio em
e atualizado em
A obesidade em cães e gatos é uma das principais doenças crônicas entre pets. De acordo com estudo publicado na revista científica Frontiers in Veterinary Science, cerca de 60% dos pets em todo o mundo apresentam sobrepeso ou obesidade, um reflexo direto do sedentarismo e do excesso calórico também observados em humanos.
Além de afetar a qualidade de vida, o aumento dos casos traz implicações para o setor veterinário e o mercado pet global, estimulando o desenvolvimento de terapias e produtos voltados ao controle de peso, distúrbios metabólicos e doenças associadas.
Estilo de vida do tutor influencia diretamente o pet
Os pesquisadores destacam que o comportamento dos tutores é um dos principais fatores associados ao ganho de peso. A “humanização da alimentação”, com o hábito de oferecer comida humana e petiscos em excesso, tem sido determinante para o avanço da obesidade animal.
O estudo alerta que a condição pode provocar problemas ortopédicos, resistência à insulina, diabetes mellitus (especialmente em gatos), inflamações crônicas e até câncer, exigindo protocolos clínicos integrados e acompanhamento contínuo.
Pesquisa da Royal Canin mostra baixa percepção dos tutores
Um segundo levantamento, conduzido pela Royal Canin em parceria com a consultoria londrina Censuswide, ouviu mais de 14 mil tutores e 1.750 veterinários em oito países, incluindo o Brasil. O resultado revelou falta de consciência sobre o que é um peso saudável para os pets.
Entre os tutores entrevistados:
- 41% oferecem petiscos quando o animal está triste ou entediado;
- 75% dão comida humana aos pets;
- 31% acreditam que isso não traz prejuízos à saúde.
As principais causas apontadas para o excesso de peso foram:
- Excesso de alimentação (39%);
- Falta de exercício (36%);
- Ração de baixa qualidade (17%);
- Alimentação com comida humana (14%);
- Falta de percepção sobre o sobrepeso (11%).
Desafios e oportunidades para a indústria veterinária
A obesidade já é vista como uma oportunidade estratégica para a inovação em nutrição e saúde animal. O dado global de 60% de prevalência serve de alerta e de incentivo para o desenvolvimento de rações funcionais, suplementos e terapias específicas.
Especialistas reforçam que o veterinário deve atuar como agente de prevenção, orientando tutores sobre alimentação equilibrada, rotinas de exercícios e acompanhamento nutricional.
“Entender o tutor é parte essencial do tratamento. O manejo da obesidade é tanto uma questão médica quanto comportamental”, destacam os autores do estudo.
Mercado pet avança rumo ao cuidado preventivo
Instituições e empresas, como a Royal Canin, têm ampliado campanhas de conscientização e programas de educação continuada para veterinários, com foco no diagnóstico precoce e no cuidado personalizado.
A tendência reflete uma mudança de paradigma, o mercado pet caminha da reatividade terapêutica para a prevenção e bem-estar contínuo, baseada em dados científicos e práticas sustentáveis.