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Mercado registra aumento na busca por pets diferentes no Espírito Santo

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Você já se imaginou vivendo todos os dias ao lado de serpentes, corujas, papagaios e até macacos? E não se trata de passar um período em alguma tribo indígena, por exemplo, ou fazendo expedições ecológicas por nossas matas. É convivendo com esses bichos dentro de casa, como pets, ou melhor, como família. Essa é a realidade de muitos capixabas.

Não é só o cachorro ou o gato que atendem a necessidade dos humanos de ter um animal como companheiro de rotina. Silvestres e exóticos também recebem nomes, ganham petiscos, acessórios e até são levados para passear, claro, sempre em segurança.

“Não teria de jeito nenhum”, “tenho medo” ou “eu gostaria de ter um tucano” e “eu sempre quis ter uma coruja ou um gavião” são algumas das falas de quem foi abordado para esta reportagem.

Apesar de ser um assunto que ainda divide opiniões, tem se tornado cada vez mais comum a criação destes animais no ambiente doméstico. Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostram que quase 70% das vendas realizadas de silvestres e exóticos nos últimos quatro anos foram para o mercado pet, movimentando mais de R$ 35 milhões no Brasil.

A demanda cresceu tanto que hoje existem hospitais veterinários exclusivos para eles, também chamados de animais não convencionais. O médico veterinário Eduardo Lázaro é responsável pelo primeiro hospital de silvestres do Espírito Santo. Já passaram pelo consultório dele corujas, macacos e até mesmo um peixe, que precisou de uma cirurgia para a retirada de tumor.

“Fizemos uma cirurgia em um peixe beta e tiramos o tumor. Foi a cirurgia mais complexa que passou por aqui. É uma cirurgia úmida, utilizamos uma esponja com circulação de ar dentro e, assim, o animal fica úmido o tempo inteiro”, conta o veterinário.

Silvestre ou exótico?

Estes animais se dividem entre silvestres e exóticos. A diferença é que os silvestres são os animais que pertencem à fauna brasileira, como papagaios, araras, jabutis e algumas espécies de cobras. Já os exóticos não nascem no Brasil. São aqueles naturais de outros países e biomas, como os periquitos, iguanas e calopsitas.

Para ter um desses bichos em casa é preciso procurar um criadouro legalizado para a compra. Mais de 60% deles estão na região sudeste do país. No Espírito Santo, são 15 estabelecimentos autorizados para a venda destes animais, de acordo com o Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Um ambiente legalizado sempre deixa visível o documento de autorização e emite a nota fiscal da compra do animal.

Volta à natureza

Um dos problemas da domesticação desses animais é quando eles escapam dos cuidados do tutor, dentro das residências, e são inseridos de forma espontânea na natureza. No caso dos exóticos, a situação é ainda mais grave, porque eles podem competir com as espécies nativas e causar um desequilíbrio na fauna local, o que é chamado de bioinvasão.

O biólogo João Almeida, um dos diretores da organização global Proteção Animal Mundial no Brasil, alerta para os danos provocados quando o dono de um exótico, por exemplo, decide devolvê-lo à natureza, em um habitat que não é o natural ao dele.

“As pessoas são estimuladas a consumir esses animais como pet e acontece a bioinvasão. Quando um tutor percebe as complexidades da situação em que se submeteu e toma uma decisão de soltar o animal na natureza. O problema é que o animal não é daquela região. Ele vai ser solto e vai competir com espécies nativas”, explica o biólogo.

Já no caso dos animais silvestres, é possível prepará-los para esse retorno sem prejudicar as características naturais deles. Segundo o major Luchi, subcomandante do Batalhão da Polícia Ambiental do Espírito Santo, há grupos de proteção que recebem esses animais e os preparam para o momento certo do retorno à natureza.

“Todos os animais que são resgatados e apreendidos são levados para o Centro de Reintrodução de Animais Silvestres (Cereias). Lá, é feito uma triagem, eles são examinados, tratados e passam um período de quarentena para depois serem soltos”, conta.

Necessidade de buscar o diferente

Essa desistência repentina tem motivo. Os dados já mostram que a busca pelos pets não convencionais aumentou, mas nem sempre a decisão de trazê-los para dentro de casa é estudada devidamente. Muitos buscam estes animais pela impulsividade, gerando, consequentemente, maior índice de abandono, até porque cuidar destas espécies requer planejamento, tempo, dedicação e, não menos importante, boa condição financeira.

O psicólogo Alexandre Brito conta que esse desejo de ter um pet não convencional está atrelado a necessidade de dar um novo sentido à vida, com uma nova rotina e uma companhia diária.

“Por desejar algo inusitado, você tem um preço a pagar: o preço do desejo. Porque desejar dá trabalho e pode fazer com que você se sinta vivo, também. Trazer um novo animal para casa que seja fora do comum, pode dar um novo fôlego para a vida. A gente sabe, inclusive, a importância dos animais de estimação para a saúde mental”, avalia.

No próximo episódio…

E ainda tem gente que vai além e não se contenta em ter um ou dois pets não convencionais. Na próxima reportagem, você vai conhecer a história de uma universitária que tem nove animais dentro de um apartamento em Vitória. E mais: onde e como ter acesso para a compra desses bichos.

Fonte: ES360

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