Mercado pet brasileiro deve crescer menos que o previsto
Segmento de pet food continua sendo o carro-chefe do setor
O mercado pet brasileiro deve apresentar, em 2025, um ritmo abaixo do esperado. Dados divulgados nesta quinta-feira, dia 18, pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e pelo Instituto Pet Brasil (IPB) mostram que o setor deve alcançar um faturamento de R$ 77,2 bilhões, um crescimento de 2,42% em relação a 2024. O cálculo considera os dados coletados até 30 de junho.
O número também é mais baixo se comparado à estimativa inicial das entidades. Com base no desempenho consolidado do primeiro trimestre, avaliava-se que o setor teria um índice 3,5% maior que o do ano passado, com faturamento estimado em R$ 78 bilhões.
Os fatores que levaram a essa revisão são, especialmente, inflação, câmbio e desaceleração do consumo. No caso do câmbio, o valor do dólar impacta diretamente no preço de ingredientes básicos de produtos como o pet food. “O setor pet segue sólido, mas os resultados projetados para 2025 refletem os desafios econômicos e o peso da alta tributação sobre os produtos e serviços do setor”, diz Caio Villela, presidente do IPB.
O setor já havia sinalizado estagnação em 2024, quando cresceu 9,6% em relação ao ano anterior, não alcançando os dois dígitos pela primeira vez desde 2019, ainda antes do início da pandemia de covid-19.
Faturamento do mercado pet brasileiro (em bilhões de R$)

Maior fatia do mercado pet brasileiro vem do pet food
Conforme anos anteriores, o segmento de alimentos industrializados para animais de estimação deve seguir respondendo pela maior fatia do mercado, com 52,9% do faturamento total, o equivalente a aproximadamente R$ 40,82 bilhões.
Em seguida, vem a venda de animais por criadores, representando R$ 8,5 bilhões, ou 11% do faturamento do mercado. Logo depois, os produtos veterinários (pet vet) somam R$ 8,2 bilhões, ou 10,6% do total. Os serviços veterinários são o quarto maior segmento em faturamento, com R$ 8,1 bilhões (10,5%).
E-commerce cresce de forma tímida
Ainda segundo o levantamento, pequenos e médios pet shops correspondem a quase metade de todo o movimento do varejo, com previsão de R$ 37,12 bilhões, conforme dados do 1º semestre.
Em segundo lugar estão as clínicas e hospitais veterinários, que representam cerca de 17,5% do faturamento, o equivalente a R$ 13,5 bilhões. Completando o pódio, as cadeias de megastores pet têm uma fatia de 9,6%, faturando R$ 7,4 bilhões.
Já dentro do segmento de e-commerce, o varejo especializado mantém a liderança e segue como o canal que mais vende. Os pet shops virtuais representam 37,3% do faturamento, com R$ 2,29 bilhões, seguidos pelas lojas virtuais das megastores, com R$ 1,98 bilhão (32,2%), e pelas lojas virtuais de pequenos e médios pet shops, com R$ 1,23 bilhão (21,0%).
“Apesar da relevância crescente do digital, este crescimento mais tímido é uma preocupação. O consumidor está mais criterioso, o que reforça a necessidade de estratégias eficientes para manter a competitividade. O IPB segue acompanhando esse cenário e reforça a importância de um ambiente tributário mais equilibrado para garantir o avanço sustentável da indústria pet”, declara Villela.
Produção de pet food deve ter queda pela 1ª vez na história
A redução de 0,6% em relação a 2023 e a previsão de nova queda em 2025 (-3,9%) fizeram com que a produção ficasse abaixo da marca de quatro milhões de toneladas, mesmo com o parque industrial brasileiro tendo potencial para superar nove milhões.
A perspectiva de redução reflete as dificuldades do maior segmento do setor pet no cenário atual. “Calculamos que, para este ano, se o cenário tributário e o câmbio permanecerem como estão, a queda na produção poderá manter-se próxima a 4%”, prevê o presidente-executivo da Abinpet e membro do Conselho Consultivo do IPB, José Edson Galvão de França.