Originário das montanhas do Tibete (China), os primeiros exemplares de lhasa apso surgiram em 800 a.C., criados por monges budistas para servirem de cães de guarda e protetores dos templos. A capital do país, Lhasa, empresta o nome à raça. Para o termo apso, há duas definições. A primeira remeteria a uma palavra tibetana que significa ovelha. A outra se refere à função de sentinela nos mosteiros. Não por acaso, seu nome nativo abso seng kye pode ser traduzido como cão-leão sentinela que late (bark lion dog sentinel).
A história da raça está ligada à crença de reencarnação. Os monges acreditavam que após a morte do tutor, a alma dele encarnava no pet, que absorveria toda experiência e sabedoria do dono. Vistos como animais sagrados, só podiam ser adotados pela nobreza. Por esta razão, o dalai lama da ocasião enviava o cãozinho a famílias imperiais chinesas, que o consideravam um símbolo de sorte. A raça chegou ao ocidente pelas mãos do pesquisador americano Suydam Cutting, presenteado com um casal de cães da raça, em 1933, pelo líder espiritual.
Pequeno grande guardião lhasa apso
Todas essas referências explicam o temperamento da raça. O instinto guardião do lhasa apso dá a ele um olhar superior, apesar do pequeno porte. Um detalhe que não faz diferença, já que, segundo especialistas, ele sequer sabe o tamanho que tem (até 25 cm de altura e até 8 kg) e se sente um gigante. Robusto e compacto, ele tampouco “curte” se exercitar. O máximo a que se permite são pequenos passeios diários matinais e no final da tarde, atividades suficientes para conferir bem-estar.
De personalidade independente, o comportamento é discreto e ele se mostra bastante seguro e autoconfiante. Desconfiado e não muito receptivo a estranhos e até a outros cães, dispara um latido agudo para qualquer coisa que se mova minimamente. Devido à sua origem, é a forma de alertar o dono para eventuais perigos com sua potente ferramenta vocal. Adestrá-lo desde cedo ajuda a controlar seu instinto possessivo e territorial.
O apego ao tutor é grande, mas não faz questão de contato físico frequente ou ser carregado no colo. Tirar um cochilo ao lado de seu dono já o satisfaz plenamente. Embora seja seletivo quanto ao afeto por outros membros da família, o lhasa apso tende a ser amável com crianças. Mas, atenção: elas precisam entender o valor que ele dá a seus pertences, seja brinquedos, ossos e até comida. Caso seja contrariado, pode se tornar agressivo.
Raça inspirou personagem de quadrinho brasileiro
O lhasa apso é a quinta raça mais popular no Brasil. O que mais chama a atenção é a pelagem com fios longos e pesados que podem chegar ao chão. As cores e respectivas combinações variam entre branco preto, dourado, areia e mel. As orelhas pendentes, o focinho achatado com bigodinho e os olhos expressivos ajudam a compor as características que a tornaram inspiração para o cartunista Maurício de Sousa criar o Floquinho, cão do Cebolinha, da Turma da Mônica.
É uma raça ideal para quem mora sozinho em apartamento ou ambientes pequenos. O tutor que se dispuser a adotá-lo terá um companheiro fiel durante, pelo menos, 15 anos, sua expectativa de vida. Como todo cão, o lhasa apso precisa de alguns cuidados específicos. Especialmente devido à farta pelagem que impede a ventilação da pele, o que pode reter a umidade e provocar dermatite. Escovação diária, tosa periódica e banhos a cada 15 dias ajudam a evitar o problema.
Cautela especial
Os focinhos curtos e os olhos salientes favorecem a conjuntivite canina. O distúrbio pode ser ocasionado pela presença de alérgenos, pó e substâncias químicas no ambiente. É uma disfunção que requer tratamento adequado, sob orientação do médico veterinário. É recomendado ainda que os pelos da parte superior da cabeça sejam presos em um estiloso topete – um charme adicional – para impedir que os fios entrem nos olhos.
A displasia renal congênita é uma doença à qual a raça é vulnerável e que pode ser fatal. Trata-se de uma má formação dos rins ainda na fase de geração no útero da mãe. Os sintomas são perda de peso, cansaço anormal, consumo excessivo de água, sinais para os quais o tutor deve ficar atento.