IA na medicina veterinária: aliada e não substituta
Tecnologia auxilia em diagnósticos, análise de imagens e gestão de negócios
por Daniela Jambor em
e atualizado em
A inteligência artificial (IA) na medicina veterinária deve assumir o papel de “ferramenta auxiliar”, jamais substituindo o conhecimento clínico do profissional. Essa visão é ainda mais crucial do que na medicina humana, já que os animais não conseguem expressar suas queixas. O olhar sensível e o discernimento do médico veterinário permanecem insubstituíveis.
As aplicações da inteligência artificial na medicina veterinária já são variadas e em expansão. No diagnóstico, destacam-se exames laboratoriais automatizados, capazes de identificar elementos urinários ou padrões celulares em análises hematológicas com alta precisão, oferecendo relatórios que agilizam decisões clínicas.
Softwares de IA também revolucionam a análise de imagens – radiografias, ultrassons e tomografias – auxiliando na detecção de fraturas, tumores e lesões, muitas vezes com desempenho superior ao humano. Em dermatologia, algoritmos vêm sendo usados para reconhecer doenças de pele com rapidez. Fora do diagnóstico, a IA transforma a gestão das clínicas.
Sistemas inteligentes otimizam estoques, consultas e lembretes a tutores, aumentando a eficiência da rotina. Dispositivos vestíveis, como coleiras com sensores, monitoram sinais vitais em tempo real, permitindo antecipar crises em pacientes crônicos ou complicações no pós-operatório.
O que todos os exemplos têm em comum é a IA como parceira da clínica: acelera diagnósticos, amplia a capacidade interpretativa, aperfeiçoa a gestão e fortalece a vigilância preventiva. Mas o papel central do médico veterinário permanece: revisar resultados, contextualizar sinais clínicos, manter o vínculo humano com o tutor e garantir o cuidado ético aos pacientes.
No Brasil, ainda não existe legislação específica que discipline o uso da IA na medicina veterinária. Essa lacuna exige atenção: qualquer norma futura deve equilibrar a preservação do avanço tecnológico, já consolidado em muitas rotinas clínicas com a salvaguarda do conhecimento e da decisão profissional. Regras excessivamente restritivas poderiam engessar a inovação, enquanto normas permissivas demais comprometeriam a segurança e a ética da prática.
Para avançar de forma sustentável, é fundamental que os profissionais se capacitem no uso das ferramentas, compreendam seus limites – especialmente frente a dados enviesados ou incorretos – e atuem sempre com base em segurança jurídica.
Em conclusão, a IA na medicina veterinária deve ser vista como uma aliada poderosa. Acelera, aprimora e auxilia. Mas quem preserva o olhar clínico, a ética e o vínculo com o paciente continua sendo, e sempre será, o médico veterinário.