Na esteira do crescimento do setor, o mercado de startups pet vem ganhando evidência e estimulou a formação da Associação Brasileira PetTech (ABPetTech), há dois anos.
Em entrevista exclusiva ao Panorama PetVet, o fundador e diretor de inovação, marketing e comunicação da entidade, Silvio Cabral Jr., relata que em torno de 90% das chamadas pet techs iniciaram operações somente em 2022.
“Quando entramos no mercado, por volta de 2020, sequer o termo pet tech era reconhecido pelos players do segmento”, relembra o executivo.
Associação criou categoria para startups pet
Fundada em 2022, a ABPetTech nasceu em Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo. Seus fundadores já tinham uma trajetória longeva na gestão de startups e também no mercado de animais de estimação. Hoje, cerca de 50 empresas integram a entidade.
“Há cinco anos fundamos a primeira startup do segmento pet, a OurPet. De cara, notamos que o setor ainda não tinha uma organização conjunta, um órgão centralizador. Daí surgia nossa dor como empreendedores”, relembra Cabral Jr.
Essa falta de centralização também foi detectada por outros atores do setor, como Paulo Gerhardt, CEO da Flixpet. “Nossa startup surgiu nessa mesma época. Quando íamos participar de um pitch, não existia a opção de pet tech. Tivemos que nos cadastrar na categoria de retail tech, muito distante do nosso escopo”, comenta.
Mercado dominado por PMEs
Na visão de Cabral Jr. um dos maiores entraves para a digitalização do mercado pet é o predomínio de pequenos e médios negócios. “O segmento é gigantesco, mas 63% desse mercado está na mão dos pequenos empresários e, muitas vezes, eles sequer têm noção de sua força”, analisa.
O resultado dessa conta tende a ser perverso. Sem a mesma retaguarda de que dispõem as grandes redes, o empreendedor se vê preso às rotinas convencionais e não se utiliza da tecnologia para atrair e reter clientes.
“Muitas vezes, você vai em um pet shop e o atendente anota tudo em um papel, não conta com um sistema centralizador das vendas e do estoque, não controla a jornada e o comportamento do cliente. Muitas oportunidades são perdidas com essa lacuna”, lamenta o executivo.
Pet techs podem promover a virada de chave
Hoje, a missão das startups pet é exatamente preencher esses espaços. “Tecnologia pet não envolve apenas a implementação de um aplicativo ou um sistema. Temos associados que fazem embalagens biodegradáveis para ração, o que é uma solução totalmente inovadora”, comenta Cabral Jr.
Enquanto provam seu valor para os pequenos e médios empreendedores do canal, as pet techs também vão, gradualmente, conquistando seu lugar ao sol no mundo da tecnologia. “O mercado das startups está começando a enxergar essas empresas de uma maneira diferente, entendendo que não são formadas por aventureiros”, comemora.
No último mês de dezembro, a ABPetTech realizou seu primeiro evento, onde reuniu mais de 40 companhias, que puderam apresentar suas soluções para o mercado e interagir com outros empreendedores do setor. “Queremos que as startups cresçam sem a necessidade de um investidor. É aí que entra o networking. Elas aprendem com a experiência dos demais e evitam quebrar com eventuais desinvestimentos”, explica o diretor.
Lá fora, pet tech quer prolongar vida dos pets
Se por aqui a união faz a força em um mercado ainda em desenvolvimento, no exterior, as startups pet têm assumido desafios grandiosos, como prolongar a vida dos animais idosos.
A empresa de biotecnologia Loyal está trabalhando no desenvolvimento de um medicamento que pode ofertar até um ano a mais de vida aos animais de estimação. Já aprovada pela FDA, a terapia tem previsão de lançamento para 2026.
Atualmente, uma nova apresentação do remédio, destinada agora para cães de porte médio ou pequeno, encontra-se em fase de testes.