Andipet adere à campanha contra monopólio no mercado pet
ONG financiada pela Petlove lançou movimento contrário à fusão Petz-Cobasi


A Andipet, principal associação de distribuidores pet do país, aderiu à campanha contra a fusão entre a Petz e a Cobasi. A operação foi aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no início de junho.
Em comunicado enviado à imprensa, a entidade contesta um mercado concentrado que “coloca em risco a diversidade, os pequenos negócios e, principalmente, o bem-estar dos animais”.
O movimento Não ao Monopólio Pet foi lançado na última semana pelo Instituto Caramelo. A organização não governamental sem fins lucrativos tem Marcio Waldman, fundador da Petlove, como conselheiro. Segundo a ONG, a junção das empresas resultará em uma “nova era de abandonos em massa de cães e gatos no Brasil”.
A fusão entre as duas maiores varejistas pet dará origem à maior companhia do setor no país. Ao que tudo indica, a nova empresa terá uma receita bruta de R$ 7 bilhões, com cerca de 11% de participação de mercado.
Ao Panorama PetVet, Diego Dahas, presidente da Andipet, já havia dito que a fusão é um tema recorrente e sensível entre os distribuidores. “Na Andipet, que hoje representa 64 empresas associadas em todo o Brasil, há um consenso contrário à fusão. A preocupação é legítima, pois a nova companhia pode comprometer a livre concorrência, concentrar poder de mercado e enfraquecer a diversidade de canais, afetando diretamente os pequenos e médios varejistas”, comentou.
Andipet não está sozinha
Além da Andipet, a Petlove também apoiou a campanha, reforçando que a junção da Petz e da Cobasi tem potencial para fechar pequenos e médios pet shops, que não terão chance de competir. “Perdem os consumidores, o mercado, incluindo fornecedores, tutores, pequenos e médios empreendedores, e os pets”, diz a nota.
O descontentamento da Petlove a respeito do negócio não é de hoje. Inclusive, a manifestação contra a fusão é de conhecimento público e do Cade. Em abril, o órgão antitruste autorizou a empresa, que hoje é a terceira maior varejista do mercado pet no país, a participar como “terceira interessada” no processo de fusão. Desde então, traz suas preocupações concorrenciais.
No entanto, o Cade entendeu que a união das empresas não representa riscos à concorrência. Mas, antes mesmo da notícia da fusão, que teve o processo iniciado em agosto de 2024, a Petz e a Cobasi já eram conhecidas pela prática de dumping por conta das lojas gigantes e produtos abaixo do valor de mercado por breves períodos, segundo publicação do Metrópoles.
No fim da nota, a Petlove afirma que confia no rigor técnico da análise do Cade e na adoção das medidas necessárias para a garantia de um ambiente competitivo saudável que proteja, sobretudo, os animais de estimação.
Petz e Cobasi se pronunciam
Em comunicado conjunto, a Petz e a Cobasi falaram da análise concorrencial do setor realizada de forma isenta e técnica pelo Cade, afirmando que órgão “utilizou as melhores práticas para obter uma visão completa do mercado, concluindo que a operação não resultará em preocupações concorrenciais nem prejudicará a concorrência no setor”.
Além disso, citam que o Instituto Caramelo é patrocinado pela Petlove, “concorrente direta das companhias e parte interessada na reprovação da operação”. “Esta tentativa de interferência em um processo técnico desvirtua a intenção original do Instituto, de cuidado com os pets abandonados”, diz o texto.