
A profunda transformação do mercado pet brasileiro nos últimos cinco anos exige uma análise mais ampla e contextualizada sobre os principais movimentos do setor – da explosão de crescimento durante a pandemia à atual fase de profissionalização e consolidação. A leitura é relevante para quem atua no varejo, indústria, distribuição ou avalia investir nesse mercado resiliente e em franca expansão.
A pandemia e o salto de crescimento
A pandemia de 2020 marcou um ponto de virada. O isolamento social levou a um aumento expressivo na adoção de animais de estimação. Quem não contava com um pet passou a ter, e muitos adotaram um segundo. Com isso, o consumo disparou, abrindo espaço para novos negócios e acelerando a expansão de empresas já estabelecidas.
A transformação do mercado pet tem consolidação como marca
A transformação do mercado pet e sua consequente profissionalização ganharam tração a partir de fatos como a abertura de capital da Petz, em setembro de 2020. Com recursos captados na bolsa, a rede iniciou um processo acelerado de aquisições: incorporou a Zee.Dog (por mais de R$ 700 milhões), a Petix (indústria de higiene pet), a marca Cansei de Ser Gato e, no campo dos serviços, a operação de adestramento Cão Cidadão.
A resposta da Cobasi e a fusão
A Cobasi também se capitalizou ao levantar R$ 308 milhões com o fundo Kinea, ligado ao Itaú. O objetivo foi claro: acompanhar o ritmo de expansão do setor. Ao longo dos anos seguintes, adquiriu empresas como a Pet Anjo (plataforma de serviços) e a rede Mundo Pet, com atuação forte no Nordeste. Esse processo culminou, em 2024, no início do processo de fusão entre Petz e Cobasi, formando uma das maiores empresas do varejo pet brasileiro.
O avanço das vendas online e da Petlove como nativa digital
Paralelamente, a Petlove firmou-se como o principal player digital do setor. A empresa levantou múltiplas rodadas de investimento para acelerar seu e-commerce. Fez aquisições estratégicas, como as do plano de saúde NoFaro, o marketplace DogHero (hospedagem pet) e plataformas de tecnologia, moldando um modelo escalável, centrado em preço e conveniência.
O papel das lojas de bairro: proximidade e capilaridade
Enquanto os grandes players se expandem com megastores e modelos digitais, o Brasil continua a ser um país de lojas de bairro. Estima-se que o setor reúna mais de 100 mil CNPJs, o que representa cerca de 50 mil pontos de venda, ainda muito pulverizados e com forte presença local.
Nesse cenário, os pequenos e médios pet shops, muitos dos quais organizados em torno de redes de franquias, exercem um papel fundamental. Esses estabelecimentos combinam capilaridade, atendimento próximo e entendimento do contexto local, oferecendo uma experiência diferenciada ao consumidor. É nesse espaço que atuam redes como a Petland.
Com mais de 150 unidades espalhadas pelo Brasil, a Petland representa um modelo focado em conveniência de bairro e operando por meio do franchising. Ao longo dos últimos anos, a rede recebeu investimentos do grupo Jereissati, controlador dos shoppings Iguatemi, criou marcas próprias e expandiu sua atuação em serviços veterinários.
Evolução e o campo de oportunidades à vista
O mercado pet continua crescendo a taxas de dois dígitos ao ano, mesmo diante de cenários econômicos mais desafiadores. O consumidor mudou e, hoje, o pet é visto como membro da família. Isso se reflete na demanda por produtos e serviços cada vez mais especializados.
O setor está em processo acelerado de maturidade. De um lado, redes de grande porte apostam em escala e eficiência. De outro, lojas de bairro e franquias ganham força pela proximidade com o cliente e flexibilidade de operação. Em comum, todas enfrentam o desafio (e a oportunidade) de atender um consumidor cada vez mais exigente, em um mercado que ainda tem muito espaço para crescer.