Vitaminas para pets revelam alta dependência entre EUA e China
Relatório do IFEEDER expõe concentração crítica de nutrientes no gigante asiático e acende alerta sobre riscos à segurança alimentar
por Juliana de Caprio em
e atualizado em
Um novo relatório do Institute for Feed Education and Research (IFEEDER) reforçou a crescente dependência dos Estados Unidos em relação à China, no que diz respeito ao fornecimento de vitaminas e aminoácidos usados na produção de rações e até de medicamentos veterinários e humanos.
As conclusões levaram a American Feed Industry Association (AFIA) a intensificar os alertas sobre riscos à segurança alimentar e a pedir medidas urgentes em favor da diversificação da cadeia de suprimentos.
Dependência elevada expõe vulnerabilidades do sistema produtivo
O estudo, realizado em parceria com Decision Innovation Solutions e Lobo Consulting, analisou dados públicos de produção global, importações e consumo de vitaminas e aminoácidos entre 2020 e 2024.
A pesquisa avaliou ainda possíveis ajustes nutricionais para mitigar impactos em caso de interrupções no fornecimento, mas concluiu que mudanças na formulação de dietas não seriam suficientes para evitar prejuízos sérios à saúde animal e à produtividade do setor.
Segundo o relatório, os Estados Unidos importam da China 78% de todas as vitaminas utilizadas no país e dependem do gigante asiático para 62% da produção global de aminoácidos. Em casos como o da biotina (vitamina B7), a China domina 100% da oferta mundial.
Apenas quatro aminoácidos essenciais somaram 425 mil toneladas consumidas pela pecuária norte-americana, enquanto o uso de vitaminas suplementares ultrapassou 48 mil toneladas.
A análise complementa estudos anteriores do IFEEDER, que mostram que aves e suínos consomem cerca de 250 milhões de toneladas de ração anualmente, grande parte enriquecida com esses nutrientes.
Impactos diretos na saúde e no desempenho dos animais
A escassez desses aditivos nutricionais pode gerar impactos significativos. A lisina, por exemplo, é fundamental para a qualidade dos ovos, influenciando o tamanho, a resistência da casca e a estrutura do albúmen. Já níveis adequados de vitamina A contribuem para ganho de peso mais rápido e eficiente em animais de produção.
O relatório reforça que déficits nutricionais elevam a mortalidade, comprometem o bem-estar e reduzem drasticamente a produtividade em toda a cadeia pecuária.
AFIA cobra medidas urgentes para reduzir risco à segurança alimentar
Para a AFIA, o estudo comprova um alerta repetido há anos, a forte concentração produtiva na China representa um risco direto para a segurança alimentar dos EUA. “Agora os dados tornam impossível ignorar o problema”, afirmou Constance Cullman, presidente e CEO da entidade. “Trata-se de uma ameaça real para produtores, consumidores e para todo o sistema alimentar.”
A organização pretende atuar junto ao governo e ao setor privado para identificar quais vitaminas e aminoácidos devem ser priorizados em uma estratégia nacional de mitigação de riscos. A ideia é que a Casa Branca, o Congresso e a indústria trabalhem juntos para diversificar fornecedores e reduzir vulnerabilidades.
Cullman destacou que somente uma ação coordenada poderá garantir um sistema alimentar mais resiliente e estável. Ela também citou o apoio do setor a iniciativas recentes da administração Trump e de parlamentares que buscam avançar esse tema na agenda política.