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Inflação restringe compra de coleira para pets, mas ração premium é mantida, diz Cobasi

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois da alta na adoção de animais na pandemia, uma tendência que já se acomodou, a inflação atingiu o mercado pet.

Segundo Paulo Nassar, um dos fundadores da Cobasi, o consumidor restringiu a compra de brinquedos e outros supérfluos para os bichos, mas não trocou a ração premium por mais barata.

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PERGUNTA – O atual cenário de inflação e juros não tem sido bom para o mercado pet. Como estão lidando?

PAULO NASSAR – Falando especificamente do nosso setor, a inflação tem impactado, desde o ano passado, a correção de custos de mercadorias revendidas pela Cobasi, basicamente, pet food [ração], farmácia veterinária, acessórios. Também como importadora, a Cobasi teve impacto de alta de dólar no ano passado.

A Cobasi está em um cabo de guerra constante com fornecedores desde o ano passado, evitando repassar isso para os consumidores. Tem impactos de aumento de commodities agrícolas, principalmente insumos de pet food, que não tem como segurar.

É aumento de milho, soja, farelo de carne, de arroz, que são insumos na fabricação de rações. A indústria ficou muito pressionada e, por consequência, teve que repassar esses aumentos. Tivemos aumento de energia também, que é muito considerável como insumo da indústria.

Mas a inflação dos produtos revendidos pela Cobasi está mais ou menos com o IPCA. Poderia ser maior, não fosse a nossa eterna briga com fornecedores para conter esses aumentos. A gente calcula que seria da base de 15% a 18% e conseguimos reduzir isso entre 6% e 7%. Lá na ponta, o consumidor tem pressão inflacionária no bolso e isso reduz o poder de compra dele.

P – Como é a sensibilidade desse consumidor à inflação?

PN – O mercado pet é bastante resiliente. Estamos lidando com afeto, com nossos animais de estimação e plantas. Quando envolve afeto, as pessoas, às vezes, deixam de comprar algo no orçamento da família para manter o do pet.

Mas a gente sente, neste ano e no ano passado, uma mudança de comportamento do que é prioritário. Os clientes focando em alimentação, em manter pet food. Não vimos cliente trocando de ração premium e super premium para rações mais básicas. Acho que isso está mantido e é muito bom, mesmo por que a Cobasi, na grande maioria das lojas, trabalha com público A, B e B menos.

Esse público, apesar de ter uma restrição de orçamento, focou em fazer compra de pet food, higiene e beleza e farmácia veterinária, antipulga e outros medicamentos, mas na parte de supérfluos, coleiras, brinquedos, houve uma restrição de vendas. Os clientes estão deixando de comprar ou comprando em menor quantidade esses produtos e priorizando aquilo que é essencial.

P – E a euforia da época da quarentena, das pessoas que não tinham pet e acabaram adotando. Isso se acomodou?

PN – A pandemia trouxe isolamento, que trouxe necessidade de afeto enorme. Quem nunca teve um pet pensou em ter. E a gente inclui nisso as flores e plantas. Esse boom já aconteceu. Ele mudou. Estávamos todos isolados em casa, a proximidade dos animais foi muito grande.

Hoje, temos ONGs que são nossas parceiras na colocação de animais abandonados nos lares. As pessoas continuam adotando, mas em menor número.

P – Recentemente vocês fizeram parceria com setor imobiliário para parque de pet? Tem espaço para isso em condomínio?

PN – Com a verticalização de grandes cidades como São Paulo e a criação de condomínios com várias torres, criou-se a necessidade de uma área de lazer para os pets nesses condomínios.

A Cobasi fechou parceria com a Trisul. Em um empreendimento deles na zona oeste, nós vamos estar junto da construção criando um pet park para esse condomínio.

Hoje, alguns condomínios já são construídos com uma área de banho self-service, para as pessoas que moram lá descerem com seus cães e gatos. É uma tendência que está se consolidando. Algumas construtoras já perceberam. Está virando padrão de mercado na implementação de novos condomínios.

P – Como está o plano de expansão de vocês?

PN – A disparada do aluguel na pandemia impactou o planejamento de novas unidades? A maioria dos contratos de locação de novas áreas, novos pontos comerciais, sempre foi regida pelo IGP-M. Quando disparou, nós renegociamos com os proprietários a troca do índice por IPCA. Houve uma adesão grande. A média de correção aqui deu entre 10% e 12%.

Nosso plano de expansão está mantido, apesar do ano desafiador, de inflação e juros altos. A Cobasi sempre cresceu via caixa próprio, com dívida zero, e continua. Ano passado, a gente tinha um plano de abrir entre 35 e 40 lojas, abrimos 38. Em 2022, estamos com plano para 40 novas lojas. Está sendo entregue, e o segundo semestre é mais positivo para nós. Tem uma venda sazonal interessante.

P – Tem aquisição no horizonte?

PN – Tem análises, a gente tem um comitê de M&A [fusões e aquisições]. Ele se reúne a cada 15 dias. Vem muita oferta e a gente analisa. Mas poucas fazem sentido, ou quase nenhuma.

Adquirir empresas para tentar agregar o ecossistema é o desejo de todo varejista. Muitas vezes, não faz sentido. A gente não pode perder o nosso core [negócio principal], que é ser varejista e especialista. Para nós, não faz sentido adquirir indústria, nós somos varejistas.

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Raio-X

PAULO NASSAR

Presidente e cofundador da Cobasi, o empresário trabalha na varejista de produtos e serviços para animais de estimação desde meados dos anos 1980 ao lado de seus irmãos João e Ricardo Nassar. Economista formado pela FEA USP, ele também estudou na Califórnia

Fonte: Yahoo! Finanças

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