Indústria de pet food na China sofre com importações
Com tarifas mais altas e avanço da concorrência, setor procura adaptar operações com foco no fortalecimento de marcas nacionais


As importações da indústria de pet food da China devem sofrer forte retração neste segundo semestre de 2025, em meio ao impacto de novas tarifas e à crescente competitividade das marcas produzidas no país. As informações são do Petfood Forum.
O movimento já pôde ser observado em 2024, quando, segundo dados da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC), o total importado somou US$ 499,8 milhões (R$ 2,65 bilhões). O montante representou uma queda de 11,4% em relação ao ano anterior.
A tendência continuou nos dois primeiros meses deste ano, com US$ 44,2 milhões (R$ 234,3 milhões) em importações – recuo de 10,4% sobre o mesmo período de 2024. O cenário é atribuído principalmente ao Plano de Ajuste Tarifário da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC na sigla em inglês), em vigor desde 1º de janeiro e que elevou de 4% para 10% a tarifa provisória aplicada ao pet food pré-embalado vendido no varejo.
Estados Unidos ainda lideram as exportações de pet food na China
Apesar do desaquecimento, os Estados Unidos seguem como principais fornecedores da indústria de pet food na China. Em 2024, US$ 296,6 milhões (R$ 1,57 bilhão) – ou 59,3% do fluxo de importações do gigante asiático – tiveram como origem o mercado norte-americano. O volume configura um crescimento de 15% em relação a 2023, indicando que o mercado chinês continua valorizando produtos premium, mesmo diante das novas barreiras.
Parte dessa movimentação deve-se às Áreas de Supervisão Aduaneira e Áreas Especiais de Supervisão, que permitem armazenar e processar mercadorias importadas sem o pagamento imediato de tarifas até a entrada no mercado doméstico.
No comércio geral, as principais remessas de pet food dos EUA em 2024 tiveram como destino empresas de Zhejiang (US$ 211,3 milhões/R$ 1,12 bilhão), Xangai (US$ 29,5 milhões/R$ 156,4 milhões) e Guangdong (US$ 29,6 milhões/R$ 156,9 milhões). Já nessas áreas de supervisão, destacam-se Zhejiang (US$ 44,6 milhões/R$ 236,4 milhões) e Jiangsu (US$ 5,4 milhões/R$ 28,6 milhões).
Mercado interno em ascensão
Em 2024, o mercado consumidor pet da China movimentou US$ 41,9 bilhões (R$ 222,1 bilhões), alta de 7,5% em comparação a 2023. Mais da metade desse valor (52,8%) foi destinada a pet food. E a expectativa é que as marcas premium nacionais ganhem mais espaço em 2025, com crescimento projetado entre 6% e 8% em produtos de alto valor agregado e funcionais.
Entre as preferências dos tutores chineses estão rações com benefícios nutricionais específicos, como suporte ao sistema imunológico, à saúde digestiva, do fígado e do coração, além de cuidados com pele e pelagem. Para cães, ganham força petiscos funcionais para saúde bucal; já os tutores de gatos preferem snacks líquidos e carnes liofilizadas, ideais para controle de bolas de pelo e hidratação.
Dietas prescritas e alimentos para pets idosos também estão em alta: 23% dos cães têm mais de sete anos, e a população de gatos idosos deve crescer 11% em 2025, segundo o USDA Foreign Agricultural Service (FAS).
Esse foco em bem-estar impulsiona os gastos: em 2024, os tutores de cães gastaram em média US$ 411 (R$ 2.178,30), aumento de 3%, enquanto os donos de gatos desembolsaram US$ 285,60 (R$ 1.514,70), alta de 4,9% frente a 2023.
Produção e canais de venda reforçam competitividade
A produção local também avança. No ano passado, a China fabricou 1,6 milhão de toneladas de pet food, crescimento de 9,3% em um ano. As províncias de Shandong e Hebei responderam por mais de 70% desse montante, enquanto Tianjin e Henan produziram 35,5 mil e 11,8 mil toneladas, respectivamente.
No varejo, o país contava, ao final de 2024, com cerca de 94 mil pets shops, sendo 70 mil lojas completas de produtos pet, além de estabelecimentos especializados em pet food. Embora relevantes, as lojas físicas representam apenas 13% das vendas totais. O comércio eletrônico é dominante: Tmall lidera com 35%, seguido de Taobao (15%), TikTok (8%), JD.com (7%) e Pinduoduo (10%). Plataformas de delivery como Meituan e Ele.me ganham espaço, oferecendo entregas sob demanda em até 60 minutos.
O e-commerce transfronteiriço também se consolidou como alternativa para driblar tarifas, graças a menos barreiras regulatórias, exigências simplificadas de rotulagem e redução de impostos.
Mesmo com tarifas mais altas, a indústria de pet food na China demonstra agilidade para se adaptar. Marcas nacionais se fortalecem, ampliam a oferta de produtos premium e já começam a disputar espaço com os grandes players internacionais, que buscam novas estratégias para manter a relevância no maior mercado pet da Ásia.