Gastos médios com pets ainda são baixos no país
Índice é um dos menores entre os principais mercados do mundo
Embora o país esteja no top 3 de faturamento do mercado pet, a média de gastos dos brasileiros com animais de estimação ainda revela barreiras que desestimulam o crescimento acelerado e contínuo do setor. Os dados são baseados em um levantamento do Banco Mundial.
Os indicadores mensuram a receita de cada país no ano passado em proporção ao número absoluto de cães e gatos. A pesquisa aponta as despesas por pet em dólares, mas nossa redação fez a conversão para o real com base no câmbio de 28 de novembro. Entre os dez maiores mercados pets do mundo, o Brasil é apenas o nono colocado nesse quesito e registra uma média de R$ 429.
O valor supera o da Itália e está próximo do montante de China e Rússia. Mas é três vezes menor que as cifras de nações da Europa, como Alemanha e Reino Unido, e cinco vezes em relação aos Estados Unidos.
Média de gastos por pets (em R$)
Dez maiores mercados pets do mundo

O que explica a baixa média de gastos por pets?
A baixa média de gastos por pets no Brasil pode ser explicada pelo ambiente de negócios ainda desfavorável ao segmento, na visão de especialistas. E uma das maiores travas chama-se carga tributária. Os impostos sobre produtos pet correspondem a 54,2% do faturamento das empresas, segundo a Abempet. Isso quer dizer que, a cada R$ 1 em vendas nos pet shops ou clínicas veterinárias, R$ 0,54 têm como destino os cofres do governo.
As alíquotas variam de 6% a 22% em mercados mais desenvolvidos. E as três menores taxações do mundo são aplicadas por Estados Unidos, China e Alemanha, que estão entre os quatro líderes em faturamento. “Mesmo assim o Brasil consegue a façanha de estar entre as maiores receitas globais e representa para o PIB mais do que os segmentos de utilidades domésticas e automação industrial”, ressalta José Edson Galvão de França, presidente executivo da entidade.
A inadimplência recorde das famílias também preocupa e reflete-se por exemplo, nas idas a clínicas veterinárias. De acordo com a Comissão de Animais de Companhia (Comac), vinculada ao Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), 37% dos veterinários informaram que seus clientes convivem com limitações orçamentárias e 23% identificaram um recuo claro no índice de consultas e internações.
“Apesar de uma atenção maior com a saúde dos animais na pandemia, esse comportamento não resultou necessariamente na procura por especialistas”, observa Andréa Castro, coordenadora da Comac.
Integração de serviços impulsionaria gastos com pets
Os gastos por pets poderiam crescer rapidamente com a maior integração setorial. “Ainda há um distanciamento entre essas duas atividades. Pequenos e médios pet shops poderiam exercer um trabalho consultivo estratégico para reter e fidelizar os tutores. Mas, para isso, precisam enriquecer seu rol de atendimento e buscar justamente o apoio de veterinários e tosadores, entre outros prestadores de serviço”, observa Vanessa Lima, gestora estadual do Sebrae-SP.