Fusão entre Petz e Cobasi recebe apoio da maioria de fornecedores
Empresas responderam questionamentos encaminhados pelo Cade
A fusão entre Petz e Cobasi, duas das maiores redes de varejo pet do país, é vista de forma positiva pela maior parte dos fornecedores do setor. Ao todo, 76 empresas responderam os ofícios enviados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Apesar do apoio majoritário, ao menos seis fornecedores levantaram preocupações em suas respostas. Entre eles está a Bonito pra Cachorro, fabricante de bolsas, camas e assessórios para pets, que denunciou cláusulas de paridade impostas pela Petz. “Temos no contrato com a Petz que, em todos os nossos produtos, os concorrentes diretos devem seguir uma margem mínima para que os preços não fiquem menores”, informou a empresa ao Cade.
A Bentonisa, produtora de areia para gatos, falou em risco de “dumping silencioso”. Para a companhia, a fusão pode concentrar poder de compra, permitindo negociações forçadas de preços mais baixos com fornecedores e, posteriormente, a revenda a preços mais altos. “Essa vantagem combinada com a redução de concorrência abre a possibilidade de um dumping silencioso, prejudicando a competitividade e o equilíbrio do setor”, alertou.
Fabricante de medicamentos para cães e gatos, a Labyes também registrou preocupação com garantias contratuais que evitariam preços menores em outras redes. Já a EMBRK, indústria de produtos pet, foi mais incisiva. “A fusão vai quebrar todo mundo. Eles dominam o mercado e controlam o preço de venda final, exigindo que o todos vendam pelo mesmo valor, enquanto eles ficam com margens maiores”. Outras companhias, como Royale, Pets Life e Chalesco, também responderam ao Cade.
Procuradas, Petz e Cobasi afirmaram em nota ao Metrópoles que “é falso que algum fornecedor questione a fusão” e que não há pedido formal de participação de terceiros no processo. As companhias acrescentaram que “as informações levantadas são incorretas e distorcem a análise realizada de forma técnica e isenta pelo Cade, que consultou o mercado amplamente”.
Linha do tempo da fusão entre Petz e Cobasi
A união entre as gigantes do varejo pet foi aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do Cade em 2 de junho. No entanto, a Petlove, terceira maior empresa do setor, recorreu da decisão alegando práticas predatórias e pressão sobre fornecedores.
Além da Petlove, a fusão tem sido alvo de questionamentos de diferentes frentes, incluindo pequenos e médios empresários do setor e entidades como a Andipet, principal associação de distribuidores pet do Brasil.
Em agosto, o prazo para a conclusão do processo foi prorrogado até o fim do ano, para permitir análises adicionais, como aprofundamento de estudos econômicos.