Estratégias para aprimorar a saúde mental dos veterinários
No entanto, efeito pode ser inverso quando a implantação de ferramentas é realizada de forma precipitada


A saúde mental dos veterinários ganhou status de prioridade nas discussões do setor. Sobrecarga, jornadas exaustivas, decisões difíceis e pouco reconhecimento compõem um cenário que estimula elevados índices de estresse, comprovados por estudos recentes.
Diante disso, a forma como uma instituição organiza sua operação assistencial impacta diretamente a rotina dos profissionais, podendo torná-la mais estável, previsível e menos desgastante do ponto de vista psicológico.
Novas metodologias em favor da saúde mental dos veterinários
A saúde mental dos veterinários poderia ser favorecida com a implementação de metodologias de certificação hospitalar, a exemplo do que estabelecimentos ligados à medicina humana já vêm colocando em prática.
Esses programas, principalmente aqueles centrados em segurança do paciente, exigem padronização de condutas e fluxos assistenciais, definição de responsabilidades e gestão de riscos. É um processo que estrutura o cuidado de forma sistêmica, permitindo que as equipes trabalhem em ambientes mais previsíveis, com suporte organizacional que alivia a pressão diária.
Esse respaldo institucional cria condições para uma prática clínica mais segura e, consequentemente, fortalece a confiança dos profissionais e o trabalho em equipe. A ausência dessas condições pode transformar o próprio profissional em uma “segunda vítima”, alguém que sofre emocionalmente após falhas assistenciais, mesmo quando decorrentes de sistemas inseguros e desorganizados.
Estudos comprovam benefícios da organização institucional
A relação entre organização institucional e saúde mental não é apenas uma hipótese, pois vem sendo demonstrada por diversos estudos internacionais e nacionais.
De acordo com um relatório do National Academies Press, instituições que adotam práticas estruturadas de qualidade e segurança do paciente geram efeitos positivos sobre o bem-estar das equipes.
Entre os resultados observados estão menores níveis de exaustão emocional, maior satisfação profissional, mais apoio institucional e redução na intenção de desligamento. Já o PubMed indicou que a cultura organizacional em hospitais certificados tende a ser mais colaborativa e estável, favorecendo o apoio mútuo e a prevenção do sofrimento psíquico.
Essa tendência estende-se ao Brasil, onde um estudo realizado com enfermeiros mostrou que profissionais de hospitais com acreditação ONA percebem maior clareza nos papéis, melhor comunicação e mais suporte institucional.
Mudanças que exigem atenção
Embora a certificação e a segurança do paciente tragam benefícios, o efeito pode ser inverso quando a implantação é feita de forma precipitada ou sem suporte técnico especializado.
A introdução de rotinas rígidas, exigências formais e mudanças de cultura sem preparação adequada tende a gerar mais desgaste do que solução, especialmente em equipes já fragilizadas.
São essas pessoas que terão a sensibilidade necessária para transformar a rotina da clínica em um cotidiano respeitoso, garantindo que a profissionalização do ambiente traga alívio, e não mais carga, para quem está na linha de frente.