Emprego formal para professores de veterinária cresce 81,4%
A média salarial nacional é de R$ 5.702
A oferta de empregos para professores de veterinária vive um momento de alta demanda, segundo informações atualizadas no início de outubro. No comparativo entre setembro de 2024 e agosto deste ano, o aumento nas contratações formais foi de 81,48%.
Os dados integram uma pesquisa realizada pelo Portal Salário, com base nos indicadores do Caged relativos a 233 profissionais admitidos e desligados em todo o Brasil nos últimos 12 meses
O perfil profissional mais recorrente é o de uma mulher de 29 anos, com formação superior em medicina veterinária, que trabalha 33 horas semanais em empresas do segmento de educação superior. Valença (RJ) é a cidade que mais apresenta vagas para esse profissional.
Atualmente, um professor de medicina veterinária ganha, em média, R$ 5.702,22 para uma jornada de 25 horas semanais. O piso salarial é de R$ 5.546,49, enquanto o teto pode alcançar R$ 12.560,47. Esses números não incluem adicionais como bônus, comissões, horas extras e adicional noturno, o que pode alterar a remuneração final do profissional.
Na avaliação de Roberto Luiz Lange, diretor da Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários (ABHV), o piso salarial da categoria é inadequado se for considerado o investimento pessoal e financeiro para se tornar um médico veterinário, somado à especialização necessária para lecionar,
“O valor não reflete a complexidade da função, a qualificação exigida tampouco o impacto na qualidade da medicina veterinária do país. A proliferação de faculdades, muitas vezes com estruturas limitadas, pode pressionar os salários para baixo, distanciando-os do valor real do profissional”, lamenta.
Lange ressalta ainda que as condições de trabalho são muito heterogêneas e frequentemente desafiadoras. “A carga horária é intensa e vai muito além da sala de aula, englobando pesquisa, extensão, orientação de alunos e uma dose considerável de burocracia”, pontua.
Quanto à infraestrutura, há uma grande disparidade: enquanto algumas instituições oferecem laboratórios e clínicas de ponta, outras, especialmente as mais recentes ou com menor investimento, pecam pela infraestrutura inadequada ou desatualizada. “O reconhecimento, na maioria das vezes, é mais interno ao meio acadêmico e nem sempre se traduz em valorização financeira ou em prestígio na sociedade que corresponda à sua expertise e dedicação. É um cenário que há muito vem exigindo atenção para não comprometer a qualidade do ensino”, acrescenta.
Professores de veterinária têm maiores salários no Norte do país
Diferentemente do que ocorre em grande parte das profissões do setor, como médico veterinário, groomer e criador, em que os salários mais altos costumam se concentrar nas regiões Sul e Sudeste, no caso dos professores de medicina veterinária, é a região Norte que lidera em remuneração.
Por lá, o piso salarial é de R$ 8.065, a média chega a R$ 8.292 e o teto alcança R$ 10.043. A média no Norte é cerca de 44,5% superior à do Sudeste, que ocupa a segunda posição entre as regiões com melhor remuneração. Já o Centro-Oeste apresenta os menores valores, com piso de R$ 3.696, média de R$ 3.800 e teto de R$ 4.603.
Salário de professor de veterinária por região do Brasil (em R$)

O levantamento também revela uma relação direta entre a idade e a remuneração dos profissionais no cargo de professor de medicina veterinária. Entre os que têm 21 a 30 anos, o salário médio é de R$ 4.609. Já entre os que têm 61 a 70 anos, a remuneração chega a R$ 9.722, um aumento de 110,9% em relação aos mais jovens.
Salário de professor de veterinária por faixa etária (em R$)

Além disso, o grau de instrução tem grande impacto no valor recebido. Profissionais com doutorado têm, em média, remuneração 60,7% superior àqueles com apenas ensino superior completo.
Salário de professor de veterinária por grau de instrução (em R$)

Diferença salarial entre homens e mulheres
Numa amostragem de 233 salários de profissionais admitidos ou desligados no cargo de professor de medicina veterinária, 148 são mulheres com salário médio de R$ 5.908,71 para uma jornada semanal de 27 horas. Por outro lado, 85 são homens com remuneração salarial média de R$ 5.342,69 e jornada de trabalho de 22 horas por semana.