Médicos veterinários vêm enfrentando dilemas éticos em relação aos cães braquicefálicos, revela estudo do Royal Veterinary College (RVC), no Reino Unido.
Vítimas de criação seletiva para fins estéticos, os cães braquicefálicos pertencem a raças como pugs, buldogues franceses e buldogues ingleses. Em comum, têm crânios pequenos, rostos enrugados e focinhos achatados. Esses animais sofrem uma série de questões de saúde, como problemas respiratórios, infecções oculares e dificuldades para dormir, reproduzir e se alimentar.
De acordo com os profissionais, há diversas barreiras na prestação de consultoria e aconselhamento eficazes aos tutores. Entre os desafios enfrentados estão limitação de tempo e recursos, competição pela disponibilidade de consultas e desconfiança do público em relação aos cirurgiões veterinários.
Muitos dos cirurgiões veterinários que participaram da pesquisa relataram sentir que têm pouco ou nenhum poder para superar tais obstáculos.
Além disso, os profissionais enfrentam o desafio de educar os proprietários de animais domésticos, tanto potenciais quanto atuais, sobre as sérias questões de saúde que afetam as raças braquicefálicas.
“Os nossos resultados são preocupantes e destacam a importância de reconhecer que a crise braquicefálica não impacta apenas os animais, e sim o bem-estar humano”, disse Rowena Packer, professora de comportamento e ciência do bem-estar de animais de companhia no RVC e principal autora do estudo.
Em 2021, por exemplo, veterinários, estudantes de medicina veterinária e outros profissionais do setor de diversos países uniram-se na iniciativa Vets against brachycephalism, “veterinários contra braquicefalismo”, em português, contra a reprodução de raças braquicefálicas de cães, gatos, coelhos e cavalos.
Levantamento mostra queda de popularidade de cães braquicefálicos
Especialistas indicam que os alertas sobre a baixa qualidade de vida enfrentada por esses cachorros estão gradualmente alcançando os tutores, reduzindo o interesse por filhotes dessas raças.
“Se estiver considerando ter um animal de estimação, adote e não compre de criadores ou pet shops. Eles não julgam pela aparência e devemos pensar da mesma maneira”, orientou Elisa Allen, vice-presidente de programas da PETA, ao The Telegraph.
