Pet food avança em ritmo abaixo do mercado de rações
Produção para cães e gatos tem aumento de apenas 0,7% em 2025, contra 2,8% da projeção geral da indústria
Mesmo mantendo trajetória de crescimento, o mercado brasileiro de pet food registra em 2025 um desempenho menos robusto que o observado em outros segmentos da indústria de alimentação animal.
Segundo balanço do Sindirações apresentado nesta quinta-feira, dia 4, em evento na FIESP (São Paulo-SP), o setor deve encerrar o ano com 4,04 milhões de toneladas produzidas. O avanço é moderado diante da expansão de 2,8% prevista para a indústria de rações no país. Entre janeiro e setembro, o consumo voltado para cães e gatos alcançou aproximadamente 3 milhões de toneladas.
A evolução revela-se ainda mais tímida quando analisada a movimentação de 2024, período em que a alta frente ao ano anterior chegou a 3,3%. Em 2023, a categoria registrou incremento de 6,3%. A representatividade do pet food no montante geral da indústria é de 4,5%.
Produção de rações para pets
(em milhões de toneladas e crescimento %/ano anterior)

Enquanto segmentos como a suinocultura e a aquicultura absorveram incrementos mais significativos, impulsionados por ganhos de produtividade e modernização técnica, o pet food segue avançando de forma mais contida. “A pressão sobre custos, a desaceleração do consumo doméstico e a competição crescente entre marcas, especialmente no segmento econômico, fizeram esse segmento priorizar o menor preço para fazer giro e recompor margens”, pondera Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo da entidade (foto abaixo).
A distribuição dos volumes permanece concentrada – 80% voltados a cães, 19% aos gatos e apenas 1% às demais espécies, que abrangem pássaros, peixes ornamentais, répteis e pequenos mamíferos.
Produção de pet food por espécie
(em milhões de toneladas e %/total produzido)

Ambiente global e nova dinâmica de consumo
A estabilização do consumo das famílias também impacta na dinâmica do mercado de pet food. A incorporação de tecnologias de precisão, melhorias no processamento e controles mais rígidos de qualidade seguem elevando o padrão dos produtos disponíveis. Apesar de relevantes, esses esforços ainda têm efeito limitado sobre a demanda total, que depende mais diretamente da renda das famílias e da manutenção da base de animais de companhia.
Além disso, o Sindirações analisa que parte dos tutores intensificou um movimento de migração para linhas intermediárias, buscando equilíbrio entre custo e valor nutricional – o que impacta o faturamento e pode contribuir para reduzir o ritmo de produção.

Carga tributária também serve de freio
A carga tributária acima de 50% é vista como outro entrave para o setor de pet food. “Esse cenário prejudica a adição de novos entrantes no mercado e impede a democratização do consumo entre as camadas socioeconômicas mais fragilizadas”, critica Zani, que espera por uma redução de alíquotas a partir do processo de adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).