Cade adia análise sobre fusão da Petz e Cobasi
Segundo o órgão, operação é complexa e exige avaliação aprofundada


O prazo para a conclusão do processo que envolve a fusão da Petz e Cobasi foi estendido até o fim do ano. Em despacho, o Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) classificou o caso como complexo e recomendou “a realização de análise detalhada”.
Como próximos passos, o órgão poderá solicitar informações adicionais às empresas envolvidas e a terceiros, além de aprofundar estudos econômicos. Na prática, isso significa que o Cade entende ser necessário examinar a operação com maior rigor, contrariando a visão das companhias de que a fusão seria um movimento simples.
“Temos pressão de redes regionais em todas as localidades onde atuamos com lojas físicas. O segmento pet era e continua sendo muito fragmentado, e a competição, tanto no online quanto no físico, é extremamente dinâmica. O cenário está cada vez mais acirrado, sobretudo com os marketplaces”, afirmou Sergio Zimerman, fundador e CEO da Petz, em call com investidores no início do mês, ao rebater os argumentos contrários à operação.
O prazo legal começou a ser contado em 5 de fevereiro deste ano. Pela lei, o Cade tem 240 dias para concluir a análise, o que levaria a decisão até 3 de outubro. No entanto, o despacho pede a prorrogação desse prazo por mais 90 dias.
Linha do tempo da fusão da Petz e Cobasi
O processo de fusão tem se prolongado. Em 2 de junho, a Superintendência-Geral do Cade aprovou o ato de concentração sem restrições. Duas semanas depois, a Petlove, terceira maior varejista do setor e parte interessada no processo, recorreu ao Tribunal do Cade, solicitando a aplicação de medidas restritivas ou até mesmo o veto da operação.
Além da Petlove, a fusão tem sido alvo de questionamentos de diferentes frentes, incluindo pequenos e médios empresários do setor e entidades como a Andipet, principal associação de distribuidores pet do Brasil.
“Nos preocupa o desequilíbrio que uma concentração desse porte pode causar. O setor pet brasileiro é sustentado por milhares de pequenas e médias empresas que geram empregos, distribuem produtos com capilaridade e garantem um atendimento próximo e personalizado. Essa fusão pode colocar tudo isso em risco”, diz o presidente da Andipet, Diego Dahas.
O tema também foi debatido recentemente em audiência pública em Brasília, convocada pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, para discutir os impactos da operação.
“Com esse novo player formado, há risco de adoção de práticas predatórias para eliminar a concorrência, além de barreiras à entrada de novos players, em busca do monopólio”, analisa Talita Lacerda, CEO da Petlove.