Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 8 de abril, apontam que a categoria “alimento para pets” avançou 0,42% em março. No acumulado em 12 meses, a variação foi de 22,9%, quase o dobro do índice geral de “alimentação e bebidas” para seres humanos, que avançou 11,62% no mesmo período.
“Os repasses de preços da ração aos clientes são inevitáveis e têm um efeito cascata, impactando desde a embalagem até a matéria-prima. Aos poucos as empresas têm de subir os valores”, adverte o presidente do conselho consultivo Instituto Pet Brasil (IPB), Nelo Marraccini.
O segmento lida com elevados custos de insumos desde 2021. Este ano, os preços tiveram uma leve desaceleração por conta da queda no número de casos da Covid-19, mas seguem escala de aumento. “No ano passado, os insumos registraram um encarecimento de 70% e o setor embutiu 27,3% dessa alta no preço para o consumidor”, avalia José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet (Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação). Apesar disso, as empresas que integram a entidade apresentaram um incremento de 32%. A meta de 2022 é bem menos ousada – 15%.
Principais insumos que impactam os preços da ração
Os principais insumos utilizados para produção de ração animal são as proteínas de carne, peixe e frango, milho, trigo, soja, arroz e óleo. Já a quantidade utilizada na produção de ração varia de acordo com a qualidade do produto e o tipo de alimentação – se é para cachorro ou gato, por exemplo.20
“Mesmo com o aumento de preços, o comprador de uma ração super premium continua a adquirir esse produto por um determinado prazo. Mas à medida que cresce a pressão sobre o custo, a tendência é trocar por uma ração mais barata. Quem tem um ou dois animais de estimação em casa lida melhor com a inflação. Porém, pet shops e até ONGs que mantêm cães e gatos para adoção enfrentam mais dificuldades”, exemplifica.
Efeitos internacionais
A preocupação do setor também está relacionada com um desafiador contexto internacional, especialmente a guerra na Europa, que traz dois riscos iminentes. De um lado, a Ucrânia é o terceiro maior produtor mundial de milho. De outro, a Rússia atua como uma importante exportadora de fertilizantes para o Brasil. O aumento de preços das matéria-primas para produção de ração também sofre impacto da crise energética da China e da Índia.
Fonte: Panorama PetVet