
O faturamento do setor pet no Brasil em 2024 reflete os desafios econômicos enfrentados pela nossa atividade. Com receita de R$ 75,4 bilhões, ficamos abaixo das projeções iniciais que estimavam mais de R$ 77 bi. Além disso, o crescimento de 9,6% em relação a 2023 não alcançou os dois dígitos pela primeira vez desde o período pré-pandemia, em 2019. Essas são algumas das informações reveladas pelos dados elaborados e divulgados pela Abinpet em parceria com o Instituto Pet Brasil.
Enquanto o faturamento total do setor ficou 2,1% abaixo do esperado, o segmento de pet food registrou queda mais acentuada – 3,5%, fechando em R$ 40,8 bilhões frente aos R$ 42,3 bilhões projetados. Os produtos veterinários sofreram retração de 2,5% e movimentaram R$ 7,8 bilhões, quando a estimativa era de R$ 8 bi. Já os serviços veterinários foram o destaque positivo, superando as expectativas em 2,7%, com faturamento de R$ 7,7 bilhões frente aos R$ 7,5 bilhões previstos inicialmente.
Nos canais de distribuição, os pet shops pequenos e médios ficaram 2,4% abaixo do projetado (R$ 36,6 bilhões x. R$ 37,5 bilhões), enquanto clínicas e hospitais veterinários registraram queda de 2,9% (R$ 13,4 bilhões x. R$ 13,8 bilhões) e as mega stores pet tiveram redução de 2,8% (R$ 7 bilhões x. R$ 7,2 bilhões).
Contexto global e inflação impactam faturamento do setor pet
É preciso levar em conta os impactos macroeconômicos no faturamento do setor pet. O período entre 2023 e 2024 testemunhou um aumento significativo nos custos de produção de alimentos para animais de estimação em nível global. Esse fato foi impulsionado principalmente pela inflação das matérias-primas essenciais, notadamente cereais, proteínas animais e óleos vegetais.
A escalada dos custos refletiu-se nos preços praticados pela indústria de rações, levando a alterações nos hábitos de compra dos tutores. No Brasil, esse cenário foi agravado pela instabilidade cambial, com a valorização do dólar, encarecendo ainda mais a importação de insumos para a indústria pet. As commodities, que já enfrentavam pressões inflacionárias globais tornaram-se ainda mais dispendiosas para os fabricantes brasileiros, afetando diretamente as margens de lucro e, consequentemente, o volume de produção.
Essa combinação de fatores externos e internos contribuiu decisivamente para que o setor não atingisse as metas estipuladas inicialmente. A desaceleração do consumo também exerceu influência negativa sobre os resultados. Os brasileiros, diante de um cenário de incertezas econômicas, tornaram-se mais criteriosos em suas escolhas, priorizando produtos essenciais.
O que vem neste ano?
Nossa projeção para 2025 é de uma nova queda, que pode chegar a 4% se o cenário tributário e cambial não melhorar. Um dado preocupante é a diminuição da produção de pet food, que registrou redução de 0,6% em relação a 2023.
Um dos principais entraves para o desenvolvimento pleno do mercado continua sendo a elevada carga tributária. A não inclusão do setor pet nas alíquotas reduzidas da reforma tributária foi uma grande perda. Vale repetir: estudos encomendados pela Abinpet e pelo Instituto Pet Brasil demonstraram que uma isenção de 60% poderia alavancar a produção industrial para até 9 milhões de toneladas anuais e aumentar em 210% a arrecadação de impostos, considerando toda a oferta de produtos e serviços.
Continuaremos trabalhando junto ao governo e aos legisladores para demonstrar a importância econômica e social do nosso setor. Todos queremos um ambiente tributário mais equilibrado, que permita o crescimento sustentável da indústria brasileira.