Não é de hoje que constatamos a solidez do crescimento do mercado pet no Brasil, em todas as suas vertentes – vendas de ração, de animais, comercialização de produtos veterinários e serviços veterinários. Sabemos também que esse setor vem demonstrando consistência com avanço sempre superior a 300% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos dez anos.
Recentemente saiu o resultado de 2024, mais uma vez muito acima do incremento de 3,4% do PIB. Com evolução de 9,6% em relação a 2023, o valor total transacionado atingiu R$ 75 bilhões. Se avaliarmos a fotografia, concluiríamos rapidamente que os números são altamente positivos. Mas a fotografia mostra apenas o momento. Não nos mostra a história nem a tendência.
Para isso temos que avaliar o filme, no qual alguns pontos de atenção aparecem. Tivemos um crescimento negativo (o que não é o mesmo que diminuição) em relação ao ano anterior. Sabemos dos entraves, principalmente a alta carga tributária que prevalece no setor.
Barreiras macroeconômicas afetam crescimento do mercado pet
Entrando um pouco mais no detalhe sobre o crescimento do mercado pet, a divisão de pet food (ração) teve o menor aumento (“só” 7%). Como representa aproximadamente 55% da receita, esse crescimento mais tímido refletiu diretamente nos indicadores finais. Todos os demais apresentaram expansão de dois dígitos, em linha com os resultados dos últimos anos. A evolução acanhada pode refletir o menor poder de compra do consumidor brasileiro, estimulado, por exemplo, pela alta taxa de juros.
Alguns dados importantes permaneceram praticamente inalterados, destacando-se a manutenção da característica de pulverização. A despeito do processo de consolidação, iniciado no varejo há dez anos, Petz e Cobasi têm, juntas, 9,3% do mercado. Os pequenos e médios pet shops seguem predominantes, com participação próxima 50%.
Estamos caminhando para uma estagnação? Como toda essa turbulência macroeconômica, resultado da nova política tarifária dos Estados Unidos, pode influenciar os números de 2025?
Acredito na resiliência do setor, já evidenciada em outras situações, talvez até mais impactantes que a atual. Talvez devamos nos habituar a um avanço menos exponencial. Não acredito em diminuição ou mesmo estagnação. Mas, com esse novo cenário macroeconômico, de insegurança em relação ao futuro, é sempre bom acompanhar de perto.