A aparência selvagem esconde o temperamento dócil e amável. O padrão da pelagem o aproxima do aspecto de um leopardo. Assim é o bengal ou gato de bengala, resultado do cruzamento de um gato doméstico (europeu) com o gato-leopardo, de origem asiática. O experimento bem-sucedido foi realizado em meados dos anos 70 e leva a assinatura da criadora americana Jean Mill.
O objetivo dela era obter um gato com comportamento amigável e que, ao mesmo tempo, preservasse a beleza exótica do felino ancestral. A pelagem é a característica mais marcante da raça, nas cores amarelo, marrom, ruivo e cinza. E se apresenta manchada, rajada ou com faixas alternadas de tons claros e escuros. Os olhos geralmente são azuis e podem tender para o esverdeado. O porte físico é grande e atlético, com peso de 6 kg a 9 kg e comprimento entre 30 cm e 45 cm.
Bengal conserva instinto rebelde aliado à graça e delicadeza
Extrovertido e inteligente, ele se apega muito ao tutor do qual exige atenção exclusiva, em troca, claro, de muito carinho. Acompanha seu dono por toda casa e são ótimos companheiros. Hiperativo, precisa de ambientes amplos para correr, saltar e exercer plenamente seu instinto de caça. Os exemplares da raça são ágeis e têm reflexos rápidos, o que ajuda no adestramento. Brinquedos interativos como bolinhas, ratinhos de pelúcia e varinhas de pescar são bem-vindos.
Por esses atributos, é prudente a quem quiser tê-lo como pet de estimação, equipar a casa para que o bengal possa explorar o território, do qual se apossa sem cerimônia, do jeito que mais gosta. Ele pula sobre móveis e consegue escalar os lugares mais altos que puder. Curioso, é até capaz de abrir armários por meio da observação da rotina da família.
Coragem e energia em altas doses
Ao ar livre, passeios frequentes em parques e jardins são indispensáveis para liberar a energia. O instinto ligado à sua natureza selvagem torna essas áreas de lazer ideais para “esportes radicais” como subir em árvores. É um desafio que não o intimida, mas que pode acarretar problemas em determinadas situações. Em casas com quintal arborizado, a instalação de redes e telas é útil para amortecer eventuais tombos.
O ditado gato escaldado não tem medo de água fria não se aplica ao bengal. Pelo contrário, ele tem forte atração por esse elemento essencial. Não é raro vê-lo se divertir com a água da torneira, embaixo do chuveiro e ainda espreitando seu tutor na hora do banho dele. Privacidade, portanto, é uma palavra que ele jamais entenderá. No banheiro, inclusive, convém fechar a tampa do vaso sanitário pois ele talvez não hesite em matar a sede ali.
Outra curiosidade sobre esse mini-leopardo é o hábito de tocar na água do próprio bebedouro com as patinhas antes de tomá-la. O costume remonta a seus ancestrais selvagens que, em meio a natureza, primeiro usam as patas a fim de remover sujeiras da superfície da água para só depois bebê-la.
Cuidados básicos
O tutor de um bengal não enfrenta dificuldade para tratar de seu pet. A pelagem, curta, fina e brilhante, é fácil de cuidar. Como quase não solta pelos, a escovação semanal basta para mantê-los hidratados. Ele inclusive é considerado um gato hipoalergênico. É pequena a produção da substância Fel d1, proteína que provoca alergia em humanos.
As unhas demandam um pouco mais de atenção. A rebeldia devido à sua origem selvagem pode levá-lo a arranhar pessoas ou a si mesmo em brincadeiras mais agitadas. Assim, é providencial dispor de arranhadores para que o pet possa aparar as unhas e também queimar energia. Já a escovação dos dentes é ainda mais tranquila de ser realizada pelo fato da raça gostar de água.
Precauções
A intensa atividade física a que estão acostumados contribui para que os exemplares da raça prolonguem, eventualmente, sua longevidade, que é de 10 a 14 anos. A saúde resistente não dispensa, porém, visitas periódicas ao veterinário. Mesmo porque o bengal está sujeito a alguns problemas genéticos.
Um deles é a displasia coxofemoral que ocorre quando o fêmur não se encaixa na posição correta ao quadril, provocando dor e dificuldade de locomoção. Outra disfunção é a atrofia progressiva da retina, que pode levar o felino à cegueira. Contar com a orientação de um especialista de confiança é fundamental para seguir um tratamento para controlar e aliviar os efeitos adversos das enfermidades.