Estudo publicado na revista científica Schizophrenia Bulletin e replicada em diversos veículos de imprensa relaciona os gatos ao aumento do risco de esquizofrenia em humanos. E, apesar da pesquisa afirmar que novos estudos são necessários, o alarde assustou os tutores dos bichanos pelo mundo.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), no entanto, repudiou a informação alegando ser “sensacionalismo exacerbado alimentar preconceitos contra os gatos e promover uma discussão improdutiva com consequências destrutivas incalculáveis”.
Por que estão associando a esquizofrenia aos felinos?
O estudo, realizado pelo Centro de Pesquisa em Saúde Mental de Queensland, levanta questões sobre uma possível associação entre a presença de gatos de estimação e o risco de desenvolvimento de distúrbios relacionados à esquizofrenia por conta do parasita Toxoplasma gondii, comumente encontrado no solo e que se reproduz nos tratos intestinais dos gatos.
O parasita pode ser transmitido por meio de carne ou água contaminada e pode infiltrar-se no sistema nervoso central e influenciar os neurotransmissores. Assim, ele foi associado com o surgimento de sintomas psicóticos e a alguns distúrbios neurológicos, incluindo a esquizofrenia.
O CRMV-RJ ressalta a importância de se considerar uma abordagem equilibrada e consultas a especialistas na área médica veterinária ao tratar de questões relacionadas à saúde animal. O cuidado com os gatos, incluindo a prevenção de parasitas como o Toxoplasma gondii, é uma responsabilidade compartilhada entre os responsáveis e os profissionais de saúde.
O que é toxoplasmose?
A toxoplasmose é a doença causada pelo Toxoplasma gondii, capaz de infectar diversas espécies de mamíferos, como aves, roedores, gatos, humanos e também animais de produção, como vacas, ovelhas e porcos. O parasita possui diversas fases em seu ciclo de reprodução, sendo que oocistos são a fase correspondente ao “ovo” do toxoplasma que é eliminado nas fezes dos felinos.
Nesses oocistos, há estruturas que se desenvolvem (esporozoítos) e são infectantes”, explica Renata Pinheiro, médica veterinária e coordenadora de marketing da Guiavet.
A profissional esclarece que o gato não é o vilão da história, já que não são os únicos hospedeiros definitivos e se contaminam apenas uma vez na vida, na qual desenvolve anticorpos que previnem novas infecções. Além disso, os principais meios de contaminação pela toxoplasmose ocorrem pelo consumo de carne mal cozida ou passada, verduras e legumes não higienizados da forma adequada e laticínios que não passam pelo processo de pasteurização adequado.
“Os gatos de livre acesso à rua e caça livre de pequenos roedores e pássaros estão mais sujeitos a essa contaminação e integram o ciclo do protozoário. Logo, se seu felino vive domiciliado, tem pouco hábito de caça e está com os cuidados veterinários em dia, as chances de ele integrar esse ciclo são mínimas”, reforça Renata.
Para evitar qualquer contaminação, é fundamental manter o ambiente limpo e higienizar bem as mãos antes das refeições e após manipular a caixinha de areia dos felinos, entre outros cuidados.