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Varíola dos macacos em cachorro é sinal de alerta e inspira cuidados

Recentemente foi registrado em Minas Gerais o primeiro caso de varíola dos macacos em um cachorro na cidade de Juiz de Fora, sendo também a primeira ocorrência no Brasil. A notícia gerou muitas dúvidas e temores e suscitou a necessidade de esclarecimentos e de cuidados que devem ser tomados em todas as casas brasileiras onde existem animais de estimação.

O Hospital Veterinário Taquaral (HVT), de Campinas, referência em pesquisa, atualização e conhecimento sobre o universo veterinário, não podia ficar sem se manifestar quanto a este tema tão relevante.

A Dra. Fabiana Vitale, especializada em Dermatologia Veterinária, sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária e responsável pelo setor de dermatologia do HVT, é fonte de informação sobre o assunto.
Confira na entrevista abaixo:

 

Com a notícia sobre a varíola dos macacos em cachorro, o que precisamos fazer para proteger os nossos animais de estimação?

Até o presente momento há raros casos relatados em animais domésticos de varíola dos macacos. No Brasil apenas um cão foi diagnosticado com a enfermidade. De modo geral, pessoas que forem diagnosticadas com essa doença devem evitar o contato com os animais de estimação, fazendo isolamento, uma vez que a forma mais importante de contágio é o contato com as secreções de feridas cutâneas e partículas respiratórias.

 

Como ocorre o contágio/ transmissão?

Através do contato direto com feridas cutâneas conhecidas como pústulas, que são pequenas bolhas com conteúdo purulento. O tutor que for diagnosticado com a doença deve se isolar e usar roupas de manga comprida e calças, de maneira a proteger as lesões e evitar contato. Não se deve compartilhar toalhas e lençóis da pessoa contaminada com o pet, bem como evitar abraços, carícias e beijos nos animais — é realmente necessário o isolamento. O uso de máscaras pelos tutores contaminados é recomendado também.

 

Uma vez que passou de humano para cachorro, pode ocorrer o inverso?

O que sabe atualmente é que o cão é suscetível a adquirir o vírus da monkeypox. Foi publicado em agosto de 2022 um artigo no periódico “The Lancet” o primeiro caso de varíola dos macacos em cachorro no mundo. O tutor deste animal adquiriu a doença primeiro e alguns dias depois o cachorro passou a apresentar os sintomas. Um sequenciamento genético do vírus foi realizado no tutor e no seu cão e foi constatado que ambos possuíam exatamente o mesmo vírus, confirmando a capacidade de transmissão do humano para o animal. O contrário ainda não foi comprovado.

 

Como a doença se manifesta no animal? Há sinais na pele também, como em humanos?

Os sintomas são parecidos com os sintomas em humanos, como febre, formação de pústulas na pele e coceira, apatia, prostração, redução do apetite, descarga nasal e tosse. Animais que apresentem estes sintomas em até 21 dias após ter contato com uma pessoa infectada com a varíola dos macacos devem ser levados ao veterinário para testes afim de detectar a presença ou não do vírus.

 

Como é tratamento, tem cura?

Há cura para a varíola, pois após o período de incubação do vírus, o animal para de apresentar sintomas e não estará mais eliminando o vírus. Não há tratamento específico, apenas para alívio dos sintomas, como controle de coceira e possíveis infecções bacterianas secundárias. Não se recomenda o uso de desinfetantes na pele do animal. Todos os locais onde o animal deitar e repousar devem ser higienizados, bem como comedouros e bebedouros. No período que o animal estiver doente e com sintomas deve evitar contato com outros animais, portanto, não deve realizar passeios na rua ou ir em pet shops.

Fonte: Redação Panorama PetVet

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