O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) reforça sua posição contrária aos impostos abusivos que incidem sobre o setor. Em entrevista exclusiva ao Panorama PetVet, o CEO Ariovaldo Zani aponta a carga tributária acima de 50% como maior entrave para um crescimento mais acelerado do setor de pet food.
“Esse cenário prejudica a adição de novos entrantes no mercado e impede a democratização do consumo entre as camadas socioeconômicas mais fragilizadas”, critica. Apesar desse contexto, esse segmento vem registrando desempenho positivo.
De acordo com projeções da Abinpet e do Instituto Pet Brasil (IPB), a divisão de pet food deve encerrar o ano com R$ 42,6 bilhões de faturamento, o que representa 55,1% do volume de negócios da indústria. Em relação a 2023, o crescimento é de 11,8%.
“Esse resultado é reflexo da evolução da cadeia produtiva do setor, que cresceu quase 20 vezes nos últimos 30 anos. De 220 mil toneladas que saíram das linhas fabris em 1994, superaremos a marca dos 4 milhões em 2024”, comenta.
Na avaliação do executivo, o segmento de alimentos industrializados para cães e gatos deve continuar sua trajetória de evolução, especialmente por conta do conceito da “família multiespécie”. Por meio dessa premissa, o animal de estimação tornou-se membro efetivo da família, ampliando o nível de exigência dos tutores e impondo um incremento mais rápido e a sofisticação do portfólio. “O alívio nos impostos poderia aumentar a velocidade do crescimento”, pondera.
Atualmente com 150 associados, o Sindirações é responsável pela intermediação nas negociações com empregados da cadeia produtiva por meio de convenções e dissídios coletivos. Entre outras várias atribuições, representa também a coletividade diante do Judiciário nas ações que envolvem assuntos ambientais, regulatórios e tributários das empresas da categoria econômica, colabora na proposição de políticas públicas do Executivo e influencia projetos de lei e emendas do Legislativo.
Sindirações vem estimulando intercâmbio internacional
Como parte do objetivo de modernizar a indústria de pet food, o Sindirações vem destinando mais esforços no intercâmbio com entidades congêneres internacionais, a exemplo do que ocorre com a Associação das Indústrias de Alimentação Animal da América Latina e Caribe (FeedLatina) e a Federação Internacional das Indústrias de Alimentação Animal (IFIF, sigla em inglês).
“Promovemos regularmente um encontro entre essas lideranças para o debate de temas, desde a desburocratização no comércio externo e harmonização de regulamentos técnico-sanitários, até tendências macroeconômicas que influenciam os hábitos de consumo”, esclarece.
Já os acordos de cooperação com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) vêm contribuindo para ampliar a representatividade do Sindirações junto às autoridades públicas e garantir um discurso uníssono na articulação com os órgãos oficiais reguladores, além de suporte à exportação dos alimentos para cães e gatos.
“Por conta da intersecção de interesses, e mesmo a despeito dos inevitáveis conflitos institucionais, essas principais lideranças vêm reivindicando atenção dos governantes no tocante à implementação das políticas públicas, necessárias à sustentabilidade, ao bem-estar animal e combate ao abandono, além da redução da pesadíssima carga tributária”, conta.