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Reajuste de vale-refeição e alimentação fica abaixo da inflação

Levantamento da Sodexo, uma das principais empresas fornecedoras de vale-alimentação e refeição do país, mostra que houve aumento do valor médio do crédito concedido pelas empresas aos funcionários nos primeiros três meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Porém, esses reajustes ficaram abaixo da inflação do período.

CORREÇÃO:na publicação desta reportagem, o g1errou ao informar que o reajuste do vale-refeição e alimentação chega a superar inflação e aumento salarial no acumulado em 12 meses até março. Na verdade, o aumento dos valores médios ficou em 7,42% (vale-refeição) e 10,08% (vale-alimentação), abaixo da inflação medida pelo IPCA (11,3%) e INPC (11,73%). A informação foi corrigida às 10h04.

No primeiro trimestre deste ano, as empresas de todos os portes (pequenas, médias e grandes) elevaram o valor médio do crédito dos benefícios Sodexo Alimentação Pass e Sodexo Refeição Pass de seus colaboradores. Para o vale-alimentação, houve alta média de 10,08%. Já para o vale-refeição, o valor médio subiu 7,42%. Os dados são da base de clientes da Sodexo Benefícios e Incentivos.

Enquanto isso, no acumulado de 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país medida pelo IBGE, ficou em 11,3% até março. A alimentação no domicílio subiu 13,73%, e a fora do domicílio, 6,22%.

Em relação aos reajustes salariais, a maioria ficou abaixo ou igual ao índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador referência para os aumentos, que ficou em 11,73% no período.

Nas negociações cadastradas no Ministério do Trabalho e Previdência até março, os reajustes que ficaram abaixo do INPC tiveram a maior proporção: 39,9%. Já 30,9% tiveram reajustes iguais ao INPC. E a menor proporção (29,2%) teve aumento acima do índice inflacionário. O levantamento é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Maior valor médio do ticket é no Sudeste e Centro-Oeste

Por tipo de porte de empresa, as pequenas e médias empresas (PMEs) elevaram o valor médio do vale-alimentação em 7,07%, e as grandes empresas em 10,84%. Já para o vale-refeição, as PMEs subiram em 7,01%, e as grandes corporações, em 6%.

Os trabalhadores da região do Centro-Oeste foram os que conseguiram o maior valor médio no saldo do vale-alimentação nos três primeiros meses deste ano, com o valor médio de R$ 534,41. Em seguida aparecem as regiões Sul, com R$ 528,64; Norte, com R$ 433,19; Nordeste, com R$ 409,35; e Sudeste, com R$ 392,76.

Em relação ao vale-refeição, as maiores médias foram verificadas no Sudeste, com R$ 518,24. Em seguida aparecem Centro-Oeste, com R$ 463,04; Sul, com R$ 453, 72; Nordeste, com R$ 444,21; e Norte, com R$ 431,52.

A cidade de São Paulo registrou aumento médio do valor do vale-alimentação em 15,95%, que passou para R$ 335,56, e do vale-refeição em 8,25%, com o valor médio indo para R$ 522,12.

Empresas acompanham rumos da economia

O vale-refeição e alimentação são benefícios que não estão dentro da legislação trabalhista, por isso, as empresas têm a liberdade de oferecê-los ou não aos trabalhadores, assim como estipular os reajustes, a não ser que as regras estejam previstas em convenção ou acordo coletivo da categoria.

Os reajustes geralmente não têm relação com o aumento dos salários, mas com dos índices inflacionários, com o objetivo de evitar a perda do poder de compra dos trabalhadores com a inflação.

De acordo com Rodrigo Somogyi, diretor de produtos da Sodexo Benefícios e Incentivos, a hipótese para essa alta dos valores dos tickets é que as empresas entendem que a produtividade dos colaboradores está diretamente ligada à qualidade de sua alimentação.

“Com a inflação cada vez mais acelerada, atingindo principalmente os alimentos, as pessoas têm enfrentado diariamente o desafio de conseguir manter uma refeição nutritiva e balanceada dentro do orçamento. Essa é a razão pela qual vemos que houve alta no valor disponibilizado pelas companhias para o benefício vale-alimentação e vale-refeição”, diz.

Para Somogyi, as empresas sempre acompanham os rumos da economia e do mercado para tomar ações que possam contribuir com o seu negócio. “Este momento inflacionário mostra que as companhias estão investindo em seus colaboradores, a começar pelo aumento do valor do saldo do benefício para manter a boa produtividade de seu quadro”.

O diretor de produtos da Sodexo Benefícios e Incentivos esclarece que as empresas têm total liberdade para decidir o aumento dos benefícios.

“Nós, como parceiros, buscamos apoiar os RHs nessa tomada de decisão, por isso, realizamos pesquisas de mercado e estudos por cidades e regiões, segmentos da indústria, gasto médio, inflação para que as empresas utilizem os benefícios de maneira estratégica para atrair e reter talentos”.

Pandemia represou poder aquisitivo

Cristiano Fontes, diretor de Estratégia e Desenvolvimento da Ticket, marca da Edenred Brasil de benefícios ao trabalhador, afirma que, historicamente, as empresas atualizam os valores dos benefícios de alimentação e refeição, principalmente devido à inflação acumulada do período.

“Em determinados momentos, porém, vemos que algumas empresas não fazem esta atualização e, com isso, cai o poder aquisitivo do trabalhador, impactando não só a qualidade e valor nutricional da alimentação, como a sua própria saúde”, diz.

Fontes aponta que neste período de pandemia foi percebida uma perda do valor dos benefícios, devido ao aumento dos preços, o que levou a um represamento do poder aquisitivo que precisa ser atualizado pelas empresas.

“Além disso, outro fator foi o trabalho remoto, que alterou os hábitos de alimentação, com reflexos nos orçamentos domésticos. Com o retorno ao trabalho presencial ou híbrido, é necessária uma reavaliação do valor oferecido à nova rotina do trabalhador”, afirma.

Retorno ao trabalho presencial aumenta consumo de comida popular

Levantamento realizado pela Ticket, com base nas transações feitas com o benefício Ticket Restaurante, mostra que a culinária brasileira foi a mais consumida na modalidade presencial em maio, com valor médio gasto de R$ 38,47.

Em seguida, aparecem as categorias lanchonete e padaria, com valores médios de R$ 28,26 e R$ 27,06, respectivamente. No mesmo período do ano passado, a comida brasileira ocupou a segunda colocação, atrás de padaria, que alcançou o topo do ranking, e à frente de lanchonete, que na época ficou em terceiro lugar.

Ranking das culinárias mais consumidas e os valores médios gastos no mês de maio

Na modalidade presencial

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Brasileira R$ 38.47 Padaria R$ 25.63
Lanchonete R$ 28.26 Brasileira R$ 37.52
Padaria R$ 27.06 Lanchonete R$ 28.57
Fast food R$ 34.77 Fast food R$ 35.90
Carne R$ 54.78 Pizzaria R$ 50.42
Pizaria R$ 52.34 Carne R$ 52.65
Cafés e doces R$ 24.74 Cafés e doces R$ 27.11
Italiana R$ 39.91 Japonesa R$ 81.25
Comida de bar R$ 46.35 Italiana R$ 41.72
Japonesa R$ 73.77 Comida de bar R$ 46.13

Fonte: Ticket

De acordo com Felipe Gomes, diretor-geral da Ticket, o retorno de muitas pessoas ao trabalho presencial pode explicar esse aumento no consumo da categoria, representada pelos restaurantes de comida popular, que oferecem pratos compostos por arroz, feijão, carne e salada, e concentra os estabelecimentos que comercializam comida a quilo ou o famoso prato feito.

“Nos grandes centros empresariais, os restaurantes de culinária brasileira costumam ser mais requisitados pelos trabalhadores, tanto pela variedade, quanto pelo preço mais acessível. A queda das comidas de padaria da 1ª para a 3ª colocação, por outro lado, pode ser explicada pelo fato de as pessoas estarem se deslocando mais aos locais de trabalho, fazendo menos refeições perto de casa”, comenta.

Fast food (R$ 34,77), carne (R$ 54,78), pizzaria (R$ 52,34), cafés e doces (R$ 24,74); e italiana (R$ 39,91) são as categorias que completam a classificação das oito culinárias mais consumidas pelos trabalhadores no mês de maio. Também em comparação com o mesmo período de 2021, a comida japonesa, que ocupava o oitavo lugar, deixou o ranking de tipos de comida mais consumidos presencialmente, dando lugar à culinária italiana.

O levantamento mostra ainda que a comida brasileira também foi a mais consumida nos pedidos de delivery, com preço médio de R$ 41,64, seguida das categorias lanchonete (R$ 36,01) e pizzaria (R$ 59,30). Na sequência, aparecem padaria (R$ 27,91), fast food (R$58,83), carne (R$ 67,61), cafés e doces (R$ 20,79); e japonesa (R$ 79,53).

Table with 4 columns and 10 rows. Currently displaying rows 1 to 10.
Brasileira R$ 41.64 Brasileira R$ 43.13
Lanchonete R$ 36.01 Lanchonete R$ 40.32
Pizzaria R$ 59.30 Pizzaria R$ 58.67
Padaria R$ 27.91 Fast food R$ 53.57
Fast food R$ 56.83 Carne R$ 74.86
Carne R$ 67.61 Padaria R$ 30.54
Cafés e doces R$ 20.79 Japonesa R$ 74.19
Japonesa R$ 79.53 Cafés e doces R$ 31.77
Comida de bar R$ 50.40 Italiana R$ 72.39
Italiana R$ 79.53 Comida de bar R$ 58.65
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