Oriundo das gélidas regiões da Sibéria, na Rússia, o ancestral do husky siberiano teria surgido há cerca de dois mil anos. A raça foi criada por uma tribo nômade, os chukchi, com a função de puxar trenós e fazer o pastoreio de gado. Considerado o lobo dos cachorros por sua aparência, o cão é admirado também pelo vigor físico, fôlego de maratonista e elevada tolerância a baixas temperaturas.
Em 1909 foi levado Canadá por um mercador de peles para disputar corridas de trenó, no Alasca. À época, essas competições eram entretenimento bastante comum nas regiões do Ártico. A raça se destacou devido à agilidade e à resistência para percorrer os cerca de 650 km do percurso sob frio intenso. O desenvolvimento da raça preservou esses atributos.
Em 1925, um episódio deu mais fama e notoriedade aos cães. Uma epidemia de difteria na cidade de Nome, no Alasca, atingiu dez mil habitantes. Levados por uma matilha de cães da raça, sob o comando do líder Baldo, os medicamentos chegaram ao destino, a cerca de 600 km de distância, em menos de seis dias. O feito heroico levou o American Kennel Club a reconhecer a raça cinco anos depois, quando o cão chegou aos Estados Unidos. Baldo foi homenageado com uma estátua erguida no Central Park, em Nova York.
Pelagem dupla protege husky siberiano de frio intenso
No Brasil, país tropical com predomínio de calor, não se vê muitos exemplares da raça, que se adapta melhor em países nórdicos. Moldado para suportar atmosferas glaciais, as patas são peludas para isolar o frio e fortes o suficiente para cavar e se proteger dos ventos. A pelagem dupla é densa e funciona como um cobertor térmico que, conta-se, já o blindou de congelantes 30 graus negativos.
A condição física desse cão é peculiar. Extremamente ativo, o husky siberiano é capaz de correr quilômetros sem se cansar. Por isso, pode se exercitar diariamente de 60 a 90 minutos, sem chegar à exaustão e preservando a excepcional forma atlética. De preferência ao ar livre, as atividades incluem longos passeios e caminhadas, sem coleira, em áreas seguras. Ele mede de 50 cm a 60 cm de altura, com peso entre 15 kg e 28 kg.
Fama de fujão
Criado para trabalhar em equipe e viver com outros animais, ele tem temperamento amigável, apesar do semblante sugerir o oposto. E por não ser um cão de guarda, a socialização é mais fácil, seja com adultos ou crianças. O espírito aventureiro, porém, fez com que desenvolvesse a habilidade para fugir. Por isso, o recomendado é que ele seja adestrado desde pequeno. A teimosia, outra particularidade da raça exige segurança e autoridade por parte do tutor para mostrar quem é o líder do “grupo”.
A raça é independente em certos aspectos. Assim como os gatos, o husky siberiano faz sua própria higiene e passa parte do dia se lambendo. Ele não fica impregnado com maus odores e dispensa banhos frequentes, apenas a cada dois meses. A queda de pelos ocorre duas vezes ao ano e, nessas ocasiões, a dica é escová-los no sentido em que crescem e vice-versa para remover os pelos mortos das duas camadas, interna e externa.
Reserva de energia
A beleza do husky não passa despercebida. O porte robusto ganha realce com o rosto arredondado e orelhas eretas e pontudas. Os olhos azuis penetrantes ou castanhos, amendoados e oblíquos, podem apresentar heterocromia. A pelagem varia de branco e preto a cinza, além de combinações entre elas. Outro detalhe é fato do cão não latir muito, mas emitir uivos prolongados, que podem ser ouvidos a 16 km de distância.
Um fato interessante é que ele é capaz de controlar o metabolismo para não gastar suas reservas de gordura. O husky siberiano foi criado para encarar longas distâncias, em ritmo acelerado, o que acarreta grande desgaste. Apesar disso, ingere bem menos comida que outras raças de mesmo porte. A dieta deve ser baseada em proteínas de alta qualidade para evitar o excesso de peso e a obesidade. Com o perfil magro, o husky siberiano tem a possibilidade de viver além dos 15 anos estimados para a raça.