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Conheça a esporotricose, doença transmitida por felinos

esporotricose

A Sociedade Brasileira de Infectologia alerta para o descontrole da transmissão da esporotricose no Brasil, uma enfermidade que afeta gatos e pode ser transmitida aos seres humanos. Trata-se de um fungo, que se desenvolve em climas quentes e úmidos, como o clima tropical do Brasil e, também, se apresenta em uma grande quantidade de animais em situação de rua, principalmente em regiões de menor desenvolvimento econômico e sanitário.

Formas de esporotricose

Diante desse cenário é crucial adotar precauções para proteger a saúde de tutores e animais. A médica veterinária Paola Frizzo, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, destaca que existem três tipos de esporotricose. “A esporotricose é uma micose de potencial zoonótico, causada por um complexo de fungos dimórficos, Sporothrix schenkii”, explica.

A transmissão da esporotricose entre animais e humanos ocorre principalmente por arranhaduras ou mordeduras de felinos contaminados. “Os principais sinais clínicos incluem lesões cutâneas nodulares, úlceras com secreção purulenta ou hemorrágica, principalmente em regiões da cabeça, lombar e pontos mais afastados do tronco.

Em animais, o período de incubação varia de três dias a seis meses, com uma média de três semanas. Em humanos, esse período é de aproximadamente 14 dias, podendo durar entre 3 e 30 dias”, explica.

A infecção pelo fungo Sporothrix está associada ao hábito de gatos cavar buracos na terra ou areia, onde também costumam afiar as unhas em troncos de árvores, atividades que podem levar à infecção. “Em humanos, além da transmissão por arranhaduras ou mordeduras de felinos infectados, existem grupos de risco, como jardineiros, floristas, horticultores e agricultores, devido ao manuseio direto com a terra.”

Prevenção

Não há vacina contra a esporotricose até o momento. A melhor forma de prevenção é restringir o acesso dos felinos à rua e evitar o contato com outros animais de vida livre. “Para gatos, em especial, a castração tende a reduzir a circulação nas ruas. Além disso, a cremação de animais que faleceram por esporotricose é essencial para evitar a contaminação do solo. A desinfecção das instalações em que o animal diagnosticado esteve com solução de hipoclorito de sódio também auxilia na prevenção da doença”, comenta.

A professora explica que a doença é mais comum em felinos, devido à abundância de células fúngicas nas lesões cutâneas, aumentando a capacidade de infecção para humanos e outros animais.

Na espécie canina, a esporotricose é rara, mas deve ser considerada, principalmente em casos de histórico de mordedura ou arranhadura por felinos contaminados.

“O tratamento baseia-se no uso de antifúngicos sistêmicos, muitas vezes requerendo meses ou anos para resolução, principalmente em animais imunossuprimidos. Ressalta-se que a doença raramente se dissemina para outros sistemas além da pele. No entanto, felinos imunossuprimidos têm maior predisposição a infecções sistêmicas, podendo levar o animal a óbito ou à eutanásia”, conclui.

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